Fernando Brito: O escândalo da importação de energia é de 0,12%

A imprensa, com estardalhaço, anuncia que o Brasil está importando energia da Argentina e Paraguai. Está. Exatos 90 megawatt, nesta quinta-feira (22).

Por Fernando Brito*, publicado no Tijolaço

Importação de energia da Argentina

O equivalente a estrondosos 0,12% dos 73.780 MW consumidos ontem no país.

Uma quantidade, como se vê, ridícula, embora, nesta seca, qualquer 10 mil réis sejam úteis.

Irrelevante, sob qualquer aspecto.

Mas o Brasil importava energia antes?

Sim, e muito mais.

Peguei, ao acaso, um dia de 2001, na crise energética tucana.
Importamos 673 MW da Argentina e do Paraguai no mesmo dia 21 de janeiro de 2002.

Ou 1,89% da carga de 35.647 MW consumida pelo país, proporcionalmente 15 vezes mais.

(Sim, porque o consumo – e a produção – de energia mais que dobraram de Fernando Henrique para cá, embora a população tenha crescido pouco mais de 20%).

Não me recordo de qualquer escândalo por isso.

Até porque, de lá para cá, importamos ou exportamos energia ( e, aí, até 1.000 MW) conforme as disponibilidades da região sul do Brasil e dos países vizinhos.

Mas, agora, qualquer defeito local, a maioria das distribuidoras de energia, vai virar “prova” de que estamos na iminência de um baita apagão.

O jornalismo, no Brasil, é a política.

*Fernando Brito é jornalista e editor do Tijolaço