Estatal constrói casco do primeiro submarino com propulsão nuclear

A Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), empresa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), está construindo os cascos das cinco unidades do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), articulado pelo Ministério da Defesa.

submarino nuclear brasileiro - Divulgação/Marinha do Brasil

Fruto de um acordo de cooperação e transferência de tecnologia, firmado em 2008 entre o Brasil e a França, o Prosub viabilizará a produção do primeiro submarino brasileiro de propulsão nucelar (SN-Br) e mais quatro submarinos convencionais diesel-elétrico.

A Nuclep está encarregada da construção dos cascos resistentes dos submarinos, sendo responsável pelo fornecimento da parte estrutural mais complexa das embarcações. Para tal, profissionais de diversas áreas, entre elas, engenharia e soldagem, foram enviados à França a fim de conhecer as técnicas de construção da Marinha daquele país.

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No final do ano passado, a Nuclep recebeu as seções de qualificação, o que atesta a competência técnica da empresa para a produção dos cascos. A seção de qualificação é um dos componentes que será usado na construção dos submarinos. As subseções da construção do primeiro submarino já foram entregues pela Nuclep à Itaguaí Construções Navais (ICN).

A expectativa é a de que o primeiro dos quatro submarinos convencionais esteja operando em 2017. "Nós esperamos que os quatro submarinos de propulsão convencional estejam prontos no período de 2017 a 2023, e o de propulsão nuclear, de 2023 para 2025", diz o coordenador-geral do Prosub, almirante-de-esquadra Gilberto Max. "O programa é calcado no tripé: transferência de tecnologia, nacionalização e capacitação de pessoal", ressalta.

Tecnologia

A parceria com a França prevê a transferência de tecnologia e expertise para a construção de submarinos mais modernos e qualifica o país a produzir submarinos de propulsão nuclear, o que garante maior autonomia no patrulhamento da costa nacional. Apenas cinco países no mundo dominam a tecnologia para construção desse tipo de embarcação. São eles: China, Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia.

De acordo com a Nuclep, os submarinos convencionais possuem aproximadamente 60 metros de comprimento por 6 metros de largura, enquanto o de propulsão nuclear tem 100 metros de comprimento por 9 metros de largura. Além disso, há diferença na autonomia de navegabilidade. Os modelos convencionais precisam subir à superfície para troca de oxigênio e recarga das baterias, já o nuclear pode ficar submerso por mais de dois meses.

Para o comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Júlio Moura Neto, o SN-Br "garantirá ao País uma invejável capacidade de dissuasão por ser mais veloz e não necessitar vir à superfície para recarregar suas baterias, pode permanecer oculto por mais tempo e patrulhar áreas de maior extensão".

Nacionalização

De acordo com a Marinha, a instalação nuclear do SN-BR será de total responsabilidade brasileira, e não terá participação francesa nesse processo. Desta forma, está previsto um elevado grau de nacionalização da embarcação. "Não existe transferência de tecnologia na parte da propulsão nuclear", afirma o Almirante Gilberto Max. "[A tecnologia] será toda desenvolvida por nós, e é um desafio grande que estamos gerenciando com as universidades e institutos de pesquisas", acrescenta. Leia mais sobre os benefícios científico-tecnológicos apontados.

A nacionalização de equipamentos é uma frente considerada central pela Nuclep. Entre os grandes projetos em que a empresa foi pioneira estão: a construção de cascos semissubmersíveis para plataformas da Petrobras – campo em que a Nuclep foi a primeira da América Latina –, a produção de equipamentos para plantas nucleares, a construção de uma câmara hiperbárica para o estudo de exploração em profundidade e o desenvolvimento de cilindros para transporte e armazenagem de urânio para as Indústrias Nucleares do Brasil (INB).

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação