Sem investir, governo Alckmin aumenta risco de apagão em SP

A população paulista, que enfrenta a maior crise de abastecimento de água de toda a sua história, com a possibilidade de colapso já nos próximos meses conforme já admite o próprio presidente da Sabesp, Jerson Kelman, pode ter pela frente outra ameaça: a falta de energia elétrica. Isso porque o aumento da demanda por energia no estado não foi acompanhado por investimentos no setor.

Sem investir, governo Alckmin aumenta risco de apagão em SP - Divulgação

O alerta é do presidente da Federação dos Urbanitários do Estado, Gentil Teixeira de Freitas. A entidade representa trabalhadores dos setores de água e energia. De acordo com ele, desde 1997, quando foram privatizadas empresas como a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) não foram feito investimentos para a ampliação da produção.

"Uma grande luta dos trabalhadores foi para incluir nos editais de privatização a obrigatoriedade de expansão de 15% no que estava sendo comprado. O governo, que já não tinha investido, vendeu tudo e não cobrou o cumprimento dos editais. Pelo menos até ontem, nada foi ampliado", afirmou.

Conforte o dirigente, faltaram investimentos também em fontes alternativas, como energia eólica, com grande potencial em regiões como Botucatu e São José dos Campos, entre outros, em termelétricas e em tecnologias para extração de energia do bagaço de cana, por exemplo.

"Os governos paulistas conseguiram ser ainda mais incompetentes que os de outros estados, também administrados por tucanos. Em MG houve ampliação da geração e em muitos outros estados há investimentos para obtenção de energia eólica."

O problema, conforme explica, é que o estado mais rico da federação, que concentra a maior produção industrial e tem o maior mercado consumidor, compra energia de fora, que chega ao estado por meio das linhas de transmissão – os chamados linhões – construídas do governo Lula para cá para trazer a energia produzida em usinas de outros estados. "Fica tudo nas costas da União", diz.

De acordo com Freitas, o governo paulista que tem condições de construir outras usinas não tem sequer uma política energética. Localizadas no rio Paraná, entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, as usinas de Jupiá e Ilha Solteira compõem um complexo hidrelétrico que, privatizado em 1997, não recebeu mais investimentos.

Segundo o próprio Balanço Energético do Estado de São Paulo 2014, da Secretaria estadual de Energia, entre 2004 e 2013, a produção paulista de energia subiu de 76.865 GWH (gigawatts) para 80.091 GWH – um aumento de 4,19%. No mesmo período, a importação, também em GWH, passou de 48.208 para 90.885 – 88,52% a mais – para atender a um consumo que partiu de 111.982 para 153.147, correspondente a 36,76% de aumento.

Outro fato preocupante é São Paulo não ter aderido à proposta federal de renovação das concessões das hidrelétricas, como parte do programa para a redução de tarifas de energia para consumidores residenciais e empresariais.

Fonte: Rede Brasil Atual