Iberê Lopes: Descomplicado é Falar de Amor 

Sabe o que penso? Um tanto no fato da distância me mostrar como alguém que não sou. Devagar, pisando em ovos… quebrei uns pratos e bati a porta antes de sair. Deixei um bilhete num papel de pão, em azul bic, dizendo – entre algumas letras falhando – que voltaria logo que o dia acabasse.

Por Iberê Lopes* 

Descomplicado é Falar de Amor - Divulgação.

A gente se conheceu primeiro por aqui. Sim, exatamente entre um http e o ponto br. E foi desse jeito que resolvemos nos encontrar. Casual e super descolado. Não? É, tudo bem. Hoje isso acontece o tempo inteiro. Ah, o bilhete…

"Não me espera, que a vida é um sem fim de possibilidades. Imagina se perder tudo que descortina o sol ao amanhecer." Segui em frente pensando que o melhor do amor é a liberdade de guardar bons momentos. Sem colecionar nada. Mas, de fato se torna interessante se a rotina não impede uma nova surpresa para cada instante.

Será que levo flores? Indaguei aos meus botões e alguns trocados amassados no bolso da calça jeans surrada. E o que pode parecer? Certamente que estou querendo mais do que beijos de verão. Ficará claro e líquido que sonho em ver o mar ao seu lado ou morar numa aconchegante casa no campo. E o que tem de errado nisso?

No banco do carona, as pétalas desmaiadas pelo calor me acompanhavam na canção. Duas sinaleiras mais tarde notei um casal de gurias me observando e sorrindo. Acho que estava me sentindo o Bono Vox da avenida ou ainda um Prince em chuva púrpura. Essa vida é um atropelo. Sorri também e segui cantarolando…

Mais um pouco. Uma parada para refrescar com um sorvete de frutas vermelha e uma selfie no parque. É preciso alimentar a saudade e o sonho de nos reencontrarmos. E se eu acordar agora? Caio da cama, ligo a televisão, abro a janela ou reviso se o carro do Dr. Emmett Brown está na garagem? De volta para o futuro ou rumo ao passado?

"…Driving this road down to paradise
Letting the sunlight into my eyes
Our only plan is to improvise…"

O despertador. Me encaro no espelho e lá se vai mais um sonho daqueles…

Descomplicado é falar de amor, dizer silenciosas palavras. Mesmo assim tem gente que confunde com auto-ajuda. Enfim, se ajudo algumas almas em desespero emocional, sou grato. Tantas perguntas para um simplesmente nós, à meia-luz e variadas risadas borbulhando numa espumante classe-média.

Nesse alguém que não vem, nem eu vou. E nessas estórias sou eu em outro que não eu necessariamente. Que desencontro! Quem sabe um dia eu saio do lápis junto com as letras. Vou morar num conto, numa crônica ou numa fábula onde o amor seja uma realidade fantástica.

*É estudante de Jornalismo e poeta