Bolsonaro diz “que é o parlamentar que melhor encarna a oposição”

Demonstrando a sua necessidade psicótica de ficar sob os holofotes, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), em artigo publicado na Folha de S.Paulo na última quinta-feira (18), voltou a defender a ditadura militar e tenta justificar o injustificável nas suas afirmações.

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No texto, Bolsonaro diz ser “o parlamentar que melhor encarna a dura oposição ao governo do PT” e questiona se os brasileiros devem acreditar no partido ou “no Exército, que, impulsionado pela mídia, pela Igreja Católica, pela OAB, por mulheres nas ruas, por empresários e pela maioria esmagadora da Câmara e do Senado salvaram o país do comunismo em 1964?”.

Ele ainda se diz vítima de uma campanha que o rotulou como homofóbico, racista e estuprador. Bolsonaro fala como se as suas práticas e afirmações não conduzissem a esse pensamento. A mais recente delas foi durante sessão do plenário da Câmara, em que diz a deputada Maria do Rosário (PT) que não a estupraria porque ela “não merece”.

Para justificar essa condição de vítima, ele resgata o episódio de 2003. Ele concedia entrevista coletiva na qual defendia a redução da maioridade penal por conta da repercussão do brutal assassinato do casal de jovens, Felipe Café e Liana Friedenbach. A jovem foi estuprada e morta por cinco rapazes, incluindo o menor conhecido como Champinha. A deputada Maria do Rosário aguardava, por solicitação dos jornalistas, para também falar sobre o assunto. Ao ouvir as declarações de Bolsonaro, ela de longe afirmou que o seu discurso provocava situações trágicas como as do jovem casal.

“Minha reação ocorreu num reflexo e, ante a agressão verbal injusta, respondi que não era estuprador, mas que, se fosse, não a estupraria porque ela não merecia. Seguindo-se ofensas recíprocas e a ameaça dela de me dar uma bofetada na cara, reagi defensivamente e a alertei de que, se ela me agredisse, também seria agredida. Tudo isso pode ser comprovado por vídeos na internet”, disse Bolsonaro no artigo.

Mas assistindo ao referido vídeo, vemos que a história que ele conta não condiz com os fatos. Veja a transcrição de um trecho do diálogo.

Maria do Rosário: “O senhor é quem promove esse tipo de violência”.

Bolsonaro vai em direção à deputada e diz: “Eu sou estuprador?”

Maria do Rosário: “É o senhor sim quem promove esse tipo de violência”.

Bolsonaro: “Eu sou estuprador?”

Maria do Rosário: “É o senhor sim”.

Bolsonaro; “Grava ai, eu sou estuprador. Jamais estupraria você porque você não merece”.

Maria do Rosário se aproxima de Bolsonaro e diz: “Eu espero que não senão eu lhe dou uma bofetada”.

Bolsonaro com o dedo em riste e empurrando a deputada com a outra mão diz: “Dá que eu te dou outra”.

A deputada reage pedindo a presença dos seguranças e Bolsonaro, novamente com o dedo em riste, diz: “Você me chamou de estuprador… sua vagabunda. Vagabunda, vagabunda. Chora agora”.

Mulheres têm "excesso de direitos"

Como o próprio Bolsonaro diz, ele é a cara da oposição, da direita conservadora brasileira. E não cansa de mostrar a sua face. Em entrevista ao jornal gaúcho Zero Hora, no último dia 10 de dezembro, ele resolveu completar a sua grotesca e criminosa afirmação do “porque” Maria do Rosário não merecia ser estuprada: “Ela não merece porque é muito ruim, porque ela é muito feia. Não faz meu gênero”.

Mas para quem ainda tem dúvidas sobre o que Bolsonaro pensa sobre as mulheres, ele questionou o que chamou de excessos de direitos trabalhistas para as mulheres. “Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade…” Bonito pra c…, pra c…! Quem que vai pagar a conta? O empregador. (…) Quando ela voltar, vai ter mais um mês de férias, ou seja, ela trabalhou cinco meses em um ano”, disse.

Para ele, o fato de uma mulher ganhar menos que um homem é algo natural, já que os patrões buscam minimizar os prejuízos na contratação de funcionários. “Por isso que o cara paga menos para a mulher! É muito fácil eu, que sou empregado, falar que é injusto, que tem que pagar salário igual. Só que o cara que está produzindo, com todos os encargos trabalhistas, perde produtividade (…) Se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu”, esbravejou ele na entrevista ao Zero Hora.

Mas no artigo da Folha ele diz que a sua reação contra a deputada Maria do Rosário seria igual a “qualquer pessoa que preza seus familiares”. Ele se apega ao discurso contra a violência para justificar os seus meios. É um discurso que tem grande apelo popular, principalmente da classe média, que vive aterrorizada com o aumento dos latrocínios (roubo seguido de morte), tráfico de drogas e tantas outras mazelas a que estamos submetidos diariamente.

Da redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com informações da Folha de S.Paulo e Zero Hora