Arquivo sobre 17 milhões de vítimas do nazismo será aberto

Do jornal francês Le Monde
Um mês após a Alemanha ter retirado suas objeções, os 11 países encarregados da mais vasta coleção de arquivos nazistas decidiram, numa reunião em Luxemburgo na ter&cc

Os arquivos ocupam 27 quilômetros lineares, em prédios comuns da tranquila localidade de Bad Arolsen, centro da Alemanha. Até hoje só podiam ser consultados nominalmente, por solicitação de uma vítima ou seus procuradores.
São registros de campos de concentração e ordens de prisão expedidas pela Gestapo, reunidos e classificados depois da guerra pelo SIP (Serviço Internacional de Pesquisa). Seu objetivo: reencontrar os civis deportados ou submetidos a trabalhos forçados pelo regime hitlerista, reconstituir seu itinerário e, eventualmente, conferir às vítimas uma prova de seu internamento, para permitir indenizações.  Em Bad Arolsen, 400 funcionários cuidam ano após ano de dezenas de milhares de solicitações individuais, vindas de seis dezenas de países, e que já somam 400 mil.
“Milhões de provas escritas”
As informações contidas nos arquivos são nominais,  e podem ser “extremamente sensíveis”, referindo-se a “doenças hereditárias” e “experiências pseudo-médicas”, “categorias de motivos de encarceramento, especialmente assassinos ou homossexuais”, assim como “filhos ilegítimos”, afirma o site do SIP na internet. Isso explicaria as resistências de alguns Estados –  sobretudo a Alemanha, que tem uma legislação muito rigorosa sobre proteção da vida privada – para autorizar a consulta por historiadores.
Em Nova York, o Congresso Mundial Judeu, que reúne comunidades judias do mundo, afirmou estar “feliz pois, após 60 anos, milhões de provas escritas dos assassinatos em massa cometidos pelos nazistas contra os judeus sejam abertas aos pesquisadores. É um golpe vibrado naqueles que negam o Holocausto”, declarou.
No entanto, uma parte da comunidade científica considera que o acesso a Bad Arolsen terá interesse limitado. “Não se espera nada de fundamentalmente novo desses documentos”, segundo o professor Wolfgang Benz, diretor do centro de Pesquisa sobre o Anti-Semitismo na Universidade Técnica de Berlim, autor de várias obras sobre o Holocausto e o 3º Reich. “Os pesquisadores americanos, que por muito tempo reclamaram ruidosamente a abertura, com frequência o fizeram por motivos demagógicos, acusando a Alemanha de querer dissimular o seu passado”, disse Benz.
Fonte: Le Monde