Lugar de mulher é na política e onde ela quiser!

O que está acontecendo com o Congresso Nacional Brasileiro? A completa ausência de ética advinda do conhecimento sem a luz da razão. Os falsos profetas passeiam pelo plenário e utilizam a palavra para ferir e desmoralizar a imagem das mulheres representada pela bancada feminina que ora está em minoria naquela casa.

Por Fátima Teles*, para o Portal Vermelho

Maria do Rosário - Reprodução

Na página do Jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, pela internet, no item notícias-política, de 9 de dezembro de 2014, é relatada uma parte do discurso do deputado Bolsonaro (PP-RJ) onde ele agride com palavras a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).

Segue relato:

“O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) voltou a causar polêmica nesta terça-feira. Durante sessão no Congresso Nacional que tratava dos Direitos Humanos, ele se irritou com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) que, segundo ele, deixava o plenário durante seu discurso e disse que não iria estuprar a petista porque ela não merece”.

“Fica aí, Maria do Rosário. Há poucos dias tu me chamou de estuprador no salão verde e eu falei que não iria estuprar você porque você não merece. Fica aqui para ouvir”, disse Bolsonaro.

Esta declaração durante uma sessão numa casa de representantes do povo brasileiro, além de ser desrespeitosa é também humilhante, pois rebaixa a mulher brasileira numa tentativa de mostrar a força, instigar a violência contra a mulher, e revela o machismo.

Nós sabemos que a política é formadora de opinião e influenciadora da cultura e educação. Que país queremos para a juventude que ora está nas escolas e universidades? Qual exemplo está sendo dado para contribuir com a desigualdade de gênero? É esse o exemplo que queremos? Que sociedade estamos plantando? A sociedade do crime? Caminhamos para onde? É uma guerra civil nos moldes dos bárbaros? Como podemos confiar a criação e a implementação de leis por aqueles que faltam com o decoro parlamentar no seu ambiente de trabalho?

É preciso refletir profundamente sobre o que acontece hoje no Brasil, pois o mesmo caminha para o nazi-fascismo de forma simpática e se isso vier a se consolidar será o maior retrocesso da história de nosso país e nós assistiremos em silêncio, sendo vítimas também dos algozes vorazes e ávidos de sangue e morte.

Há uma semana, no dia 2 de dezembro, durante sessão no Congresso Nacional que debatia a nova meta para o superávit primário, manifestantes protestavam na galeria do plenário, com palavras de baixo calão dirigidas à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Segue relato da entrevista com a senadora Vanessa Grazziotin ao portal Fórum, realizada por Maíra Streit:

“Na terça-feira (2), durante sessão no Congresso Nacional que debatia a nova meta para o superávit primário, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) foi ofendida por manifestantes da oposição com insultos machistas. Enquanto discursava, a parlamentar foi chamada de ‘vagabunda’ por pessoas que protestavam nas galerias do plenário.

Grazziotin defendeu a revisão da meta do superávit e disse que a medida já foi feita durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo ela, o projeto de lei que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias seria uma maneira de evitar o crescimento do desemprego no Brasil e a paralisação de programas sociais importantes para a população.

Segundo a senadora ‘Isso não atinge apenas uma senadora, uma mulher, uma parlamentar, mas atinge o próprio processo democrático’, afirmou em entrevista à Fórum”.

O número de mulheres na política aumentou em 2014, mas ainda é um número pequeno em relação aos homens que lá estão. Segundo a revista Carta Capital em pesquisa realizada pela Jornalista Maíra Kubík, Na primeira eleição em que as cotas de 30% para cargos proporcionais (lei 9.504/1997) foram cumpridas, tanto para deputada federal quanto para estadual, as mulheres ampliaram ligeiramente sua participação no Congresso Nacional.

Agora, elas somam 51 deputadas federais, enquanto em 2010 eram 45, num total de 513 cargos. Ou seja, aumentaram de 8,9% para 10%:

Já no Senado – que por ser um cargo majoritário não está contemplado na lei de cotas –, dos 27 eleitos, cinco são mulheres, ou 19%. O dado representa um crescimento em relação a 2010, quando o número de eleitas ficou em 12%. No total de 54 senadores, temos agora 12 mulheres e 42 homens.

Mesmo tendo aumentado o número de mulheres na política, o senado está com 22% de senadoras enquanto 78% são senadores.

É preciso que a educação seja vista com seriedade de fato nesse país , pois ela é a diretriz de toda a sociedade e através dela o povo tomará consciência de seu papel como agente construtor da nação para dar poder a cidadãos e cidadãs que possam representá-los com seriedade e compromisso com o exercício da cidadania.

É preciso a reforma política para que as três esferas de governo possam extirpar de suas casas aqueles e aquelas que não se enquadram com o que está expresso na Constituição de 1988, em seu tão decantado Artigo 5º, que diz: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. E no seu inciso I, que diz : Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.

Mulheres de todo o Brasil, uni-vos!

“Nós podemos muito, nós podemos mais, vamos lá fazer o que será” (Gonzaguinha).

Fonte :
http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/543586/Nao-vou-estuprar-voce-porque-voce-nao-merece,-diz-Bolsonaro-a-Maria-do-Rosario
http://mairakubik.cartacapital.com.br/2014/10/06/cresce-o-numero-de-mulheres-no-congresso-nacional-mas-nenhuma-governadora-e-eleita/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/12/vanessa-grazziotin-comenta-confusao-congresso-apos-ser-chamada-de-vagabunda-por-manifestantes/


*Fátima Teles é assistente social e colaboradora do Portal Vermelho