Paulo Nogueira: Como a internet está esmagando a televisão

Uma barreira de imenso significado na Era Digital está prestes a ser rompida: em 2015, a Inglaterra se tornará o primeiro país em que a fatia da internet no total dos investimentos publicitários superará 50%.

Por Paulo Nogueira*, no Diário do Centro do Mundo

televisão netflix - Reprodução

Todas as demais mídias somadas – jornais, revistas, tevê, rádio, cinema, cartazes – ficarão aquém da internet na partilha de um mercado de cerca de 60 bilhões de reais ao ano.

Especialistas britânicos atribuem o avanço a fatores como o entusiasmo com que os consumidores aderiram a tablets e a smartphones.

Em outros países o cenário não é muito diferente. Na Suécia, a internet em 2015 terá 47% do mercado. Na Dinamarca, 43%. Na Austrália, 42%. Na Noruega, 40%,

No Brasil, o avanço da publicidade da internet ainda se dá numa velocidade mais reduzida. Em 2014, a fatia da internet no total deverá girar em torno de 15%.

O mercado publicitário brasileiro continua a ser dominado pela televisão – particularmente pela Globo.

Mas é um cenário insustentável, dada a queda constante das audiências provocada exatamente pelo crescimento da internet.

Em algum momento, num futuro próximo, os anunciantes brasileiros se darão conta de que estão pagando cada vez mais caro, na tevê, por um público cada vez menor.

O presidente da Netflix, Reed Hastings, acha que a televisão aberta, tal como a conhecemos, deverá estar morta em 2030.

São empresas como a Netflix que vão tomando o espaço da tevê. Você vê programas e séries – só que não mais no velho aparelho, mas na internet.

Hastings produziu uma imagem definitiva para o que está acontecendo no embate entre a tevê e a internet.

Antigamente, as pessoas se locomoviam em carruagens, disse ele. Até que chegou o carro.

A carruagem, no caso, é a tevê, e a rigor todas as demais mídias tradicionais.

E o carro é a internet.

Paulo Nogueira* é jornalista, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.