Bahia: Comitê Estadual aprova balanço das eleiçōes e aponta diretrizes

Em reunião realizada neste sábado (22), no Hotel Villar Mar, em Salvador, o Comitê Estadual do PCdoB- Bahia fez o balanço das eleições e traçou diretrizes a serem encaminhadas pelas instâncias partidárias e pelo conjunto da militância. O documento "Minuta de Resolução" foi aprovado com as emendas apresentadas pelo plenário.

Bahia - Reprodução

Apoiar Dilma diante o cerco

Presente à reunião, o presidente nacional do partido, Renato Rabelo, fez uma intervenção sobre conjuntura nacional. Disse ele: "o povo brasileiro alcançou uma vitória histórica, épica, um resultado excepcional, derrotando em condições de extrema desigualdade as forças conservadoras, que mesmo derrotadas, agem como se tivessem sido vencedoras e mantém a ofensiva para isolar o governo, até mesmo questionando a legitimidade do pleito, um plano golpista e antidemocrático. Para Renato, a situação política e econômica é difícil, um cenário a exigir que o governo tome imediatamente o protagonismo político, recompondo a base política e social e gradativamente assumir os compromissos assumidos na campanha eleitoral. " A presidenta merece o nosso apoio contra a trama golpista; devemos no parlamento, nos movimentos sociais e nas ruas lutar em defesa do projeto vitorioso nas urnas", conclamou.

Vitória na Bahia 

O presidente estadual, Daniel Almeida , fez a apresentação do documento elaborado pelo Secretariado Estadual. Ressaltou novamente que na Bahia as forças progressistas obtiveram expressiva vitória eleitoral, derrotando pela terceira vez consecutiva, o campo conservador na Bahia, liderado por ACM Neto, prefeito de Salvador. E que o PCdoB teve papel de destaque na construção da frente política que derrotou os carlistas em 2006 e que agora renova o mandato. Para Daniel "o partido na Bahia obteve um resultado positivo, elegendo dois deputados federais com um na suplência e três estaduais. "E indicou que logo no início de 2016 o partido inicie o debate sobre o plano para a disputa das eleições municipais de 2016.

Veja abaixo a íntegra do documento aprovado na reunião.

Minuta de resolução da reunião do Comitê Estadual do dia 22 de novembro de 2014

Vitória do povo brasileiro na eleição presidencial

1 – O povo brasileiro foi o grande vencedor na acirrada batalha da eleição presidencial realizada em dois turnos e marcada por reviravoltas. A vitória apertada de Dilma, 51, 64% a 48,36% para Aécio, demonstrou uma disputa marcada por um alto grau de polarização política. As forças populares e democráticas alcançaram o objetivo de caráter estratégico de manutenção do projeto em curso e impedir um retrocesso que colocaria em risco todas as imensas conquistas sociais dos últimos 12 anos.

Congresso

2 – Para a Câmara dos Deputados e Senado houve ampliação das bancadas de perfil conservador e pulverização das representações parlamentares. Por outro lado, perdeu espaço a representação dos trabalhadores e da bancada da esquerda.

PCdoB em plano nacional

3 – O partido perdeu uma vaga no Senado e viu sua bancada ser reduzida de 15 para 10 eleitos, tendo votação reduzida em relação às eleições de 2010. Por outro lado, aumentamos o número de deputados estaduais eleitos e obtivemos expressiva vitória política ao eleger o primeiro governador pelo PCdoB, Flávio Dino, no Maranhão.

Eleição presidencial na Bahia

4 – Pela quarta vez consecutiva, a candidatura presidencial do PT vence na Bahia com larga margem de votos. A Bahia foi o estado que deu a maior diferença de votos para Dilma no país (quase três milhões). Ficou comprovada a força e o prestígio dos governos federal e estadual com os eleitores baianos.

Eleição para o governo do Estado

5 – Rui Costa revelou já na pré-campanha ser um nome competitivo para enfrentar a batalha eleitoral e estar preparado pra continuar o processo de mudança iniciado na Bahia em 2006. A eleição de Otto Alencar, senador, e de Rui governador, com 54,43% dos votos, ainda no primeiro turno, demonstrou o acerto na condução do processo pelo governador Wagner, que sai bastante fortalecido, inclusive em plano nacional. A ampla aliança que aglutinou (PT / PP / PSD / PDT / PR / PC do B / PTB / e PMN) na coligação "Pra Bahia Mudar Mais" resultou num campo que tinha a grande maioria de deputados federais e estaduais, dos prefeitos, vices e vereadores espalhados pelo estado e da parte mais expressiva e atuante dos movimentos sociais organizados.

6 – O principal Bloco da Oposição, liderado pelo prefeito de Salvador ACM Neto, conseguiu unificar três antigos adversários políticos, tendo à frente Paulo Souto, ex-governador, Geddel Vieira Lima, candidato ao Senado e Joaci Góes, vice.

7- Não foi uma eleição tranquila. O adversário, já bastante conhecido do povo baiano, começou a campanha ostentando mais de 40% das intenções de votos, enquanto nossa candidatura patinava na terceira colocação com 8%, o que era natural para um nome que precisaria se tornar conhecido numa disputa majoritária. Lídice da Mata aparecia na segunda colocação com 12%. Era uma diferença muito grande a ser compensada para ter possibilidade de superar o adversário num eventual segundo turno ou vencer no primeiro. Mas era possível, diante do que teríamos a mostrar e a lembrar aos eleitores no horário eleitoral.

8 – A condução ajustada da propaganda eleitoral no Rádio e TV foram determinantes para a virada, na medida em que o candidato aos poucos foi ficando conhecido e as propostas programáticas, bem como as lembranças do triste período do carlismo, foram expostas de forma criativa e convincente, a exemplo do vídeo elaborado pelos camaradas da CTB ligados ao funcionalismo público. O apelo ao voto dobrado, Dilma e Rui, terminou por ser decisivo na virada que se consagrou nas urnas. Mais uma vez as pesquisas manipuladas pelo IBOPE e o denuncismo rasteiro foram utilizados pelas forças conservadoras da Bahia, mas rechaçados pela maioria do povo. A candidatura de Lídice não conseguiu sobreviver em meio a duas candidaturas que polarizaram a disputa e terminou com menos de 7%. A senadora manteve sua coerência e num gesto de importante significado político decidiu apoiar a presidenta Dilma no segundo turno.

9 – O PCdoB baiano sempre esteve presente nas articulações partidárias que visavam à superação do carlismo na Bahia, o que veio a ocorrer em 2006. Desde então, participa da administração à frente de importantes espaços da gestão pública e mantém a bancada como base de sustentação ao governo. Nesta eleição reafirmamos o nosso apoio à continuidade do projeto em curso e nos engajamos na campanha com bravura e altivez, mobilizando os movimentos sociais, os gestores, parlamentares e candidatos.

Derrotado

10 – O principal derrotado no processo eleitoral baiano é o prefeito de Salvador, ACM Neto, que assumiu o posto de articulador das oposições baianas e apostou todas as fichas em Paulo Souto no primeiro turno e em Aécio Neves nos dois turnos, ambos derrotados com grande margem de votos na Bahia. Na capital, o herdeiro da oligarquia carlista amargou uma derrota acachapante na disputa presidencial no segundo turno, que o deixa enfraquecido para batalhas futuras. Seu partido, o DEM, tem futuro incerto.

Eleição proporcional

11 – Mais uma vez o partido na Bahia deliberou pela apresentação de chapa própria para deputado estadual e por coligação para a Câmara dos deputados, tática que se revelou correta pelos resultados alcançados. O Secretariado e a Comissão Política conduziram com zelo e critérios adequados a administração das campanhas, assegurando a todas elas a estrutura básica para a busca do voto. O PCdoB elegeu dois deputados federais, Alice Portugal e Daniel Almeida e Davidson Magalhães ficou na segunda suplência com expressiva votação e reais possibilidades de assumir o mandato. Daniel Almeida sai do pleito como o deputado federal mais votado do partido em nível nacional e o mais votado da esquerda da Bahia, um trunfo que devemos valorizar. Elegemos três deputados estaduais, mantendo a bancada na mesma dimensão. Reelegemos Fabrício e elegemos os camaradas Zó e Bobô, duas lideranças em ascenção na política baiana, que passam a ocupar as vagas de Alvaro E Kelly, que honraram o partido com destacada atuação.

12 – O nosso objetivo na eleição era ampliar as bancadas estadual e federal, mas a manutenção dos espaços conquistados termina sendo positivo quando se leva em conta o cenário nacional de refluxo das esquerdas, – vítima de uma sórdida campanha de desmoralização -, e as condições bastante adversas para um partido com o nosso perfil no que diz respeito às condições materiais.

13 – Semelhante ao quadro no restante do país, o partido teve votação inferior ao pleito de 2011 (ver tabelas), sendo o problema mais saliente na capital. Tal fenômeno merece avaliação mais aprofundada e sugestões que visem a enfrentá-lo.

14 – Realizamos uma campanha no geral marcada pelo entusiasmo. Todos os candidatos se mobilizaram em busca de apoio, as dobradinhas entre federais e estaduais foram feitas de diversas formas, a militância teve papel protagonista nas coordenações de comitês e nas atividades de rua. Devemos salientar destacado empenho dos prefeitos comunistas, que – com uma única exceção -, fizeram campanha pros nossos candidatos e proporcionaram expressivas votações. E registrar também a importante contribuição vinda de municípios onde o PCdoB disputou eleições municipais e se manteve organizado no campo da oposição local, a chamada "banda B". O registro negativo vai para uma parcela numerosa de vereadores de nossa legenda que optou por fazer campanha de candidatos de outros partidos. Os casos de infração à unidade partidária nesse processo eleitoral exigem uma célere e criteriosa análise e medidas disciplinares a serem tratadas nas instâncias adequadas.

Presença do Governo

15 – O PCdoB acumula um balanço positivo de sua participação nos oito anos do governo Wagner à frente das Secretarias e em outras funções onde contribuímos para implementar políticas públicas para o desenvolvimento econômico e social da Bahia. No governo, devemos ter como perspectiva dar um salto de qualidade na ação institucional, tendo como premissa a ampliação da influência política do partido a partir de um trabalho que possa ser desenvolvido em espaços de maior estrutura e visibilidade do poder executivo. Deve-se proceder uma avaliação mais precisa sobre a participação do PCdoB nesses espaços, no estado e nos municípios, e a sinergia com o projeto eleitoral do Partido em 2014.

Eleições 2016

16 – Devemos iniciar os debates com a antecedência necessária sobre a disputa das eleições municipais de 2016. É necessário um ousado plano de ampliação da quantidade de prefeitos (as) a serem eleitos.

Combater o golpismo e defender reformas

17 – As forças conservadoras brasileiras promovem no momento uma tentativa de enfraquecimento da liderança da presidenta Dilma através de um cerco político e midiático, tendo como base as denúncias envolvendo a Petrobrás. Em contraposição às movimentações golpistas, devemos tomar iniciativas rumo à construção de mobilizações populares em defesa da democracia e por ampliação dos direitos sociais.

18 – O partido na Bahia deve tomar iniciativas em conjunto com outras correntes políticas pelas reformas estruturais necessárias ao país, contidas no nosso Programa. Na ordem do dia, luta pela retomada do crescimento econômico, pela reforma política com o fim do financiamento privado das campanhas e democratização dos meios de comunicação.

Construção partidária

19 – À luz dos resultados eleitorais e de um apurado exame da realidade atual do partido na Bahia devemos estabelecer os objetivos e metas no que diz respeito à estruturação partidária que compreende: funcionamento do partido e crescimento de nossas fileiras, mais formação teórica e política, dinamização da comunicação, mais inserção nos movimentos sociais e outras.

Comitê Estadual do PCdoB – Bahia
Salvador – Bahia, 22 de novembro de 2014.
Da redação do Vermelho na Bahia