Jimmy Ruffin, um espírito livre do Soul

Bastou a Jimmy Ruffin uma canção para se tornar comodamente na primeira fileira da história do Soul. Em What Becomes of the Broken hearted confessou que caminhava entre sombras buscando a luz, frio e sozinho em uma terra de sonhos desfeitos, o converteu em um clássico imperdível da famosa companhia Motown Records, um clássico que, através do intenso simbolismo de um amor perdido, piscou os olhos à luta pelos direitos civis que sacudia os Estados Unidos nos anos 60.

Por Michel Hernández, no Granma

Jimmy Ruffin - Reprodução

Jimmy Ruffin morreu nesta quarta-feira (18) em sua casa em Las Vegas aos 75 anos e como os cantores de Soul de estirpe se despediu sem pensar em jogar a toalha, pois apesar de uma longa enfermidade, se preparava para continuar lutando nos palcos c om essa alma melancólica e torturada que habita a essência desta música de raiz negra.

Nacido no Missisipi em 1939, Ruffin teve uma carreira nada desdenhável na qual deu vida a joias como Hold on to my love e Don’t you miss me a little bit bab. Mas não teve demasiada sorte e se manteve à sombra de outros grupos da Motown que durante muitos anos avivaram a febre provocada por esta selo discográfico, como Marvin Gaye, The Supremes e The Jackson 5.

Ruffin não era um desses músicos que morriam para alcançar as luzes da fama. Ao menos se depreende isso de um fato que sobressai em sua “biografia soul”. A Motown lhe ofereceu um posto na banda The Temptations, mas ele recusou a oferta e a gravadora então pôs os olhos sobre seu irmão David, que interpretou a imortal My girl, um tema que se converteu finalmente em uma das principais cartas de apresentação de The Temptations.

Ninguém sabe ao certo se Ruffiin foi vítima do arrependimento por ter recusado o convite, mas seja como for este músico estadunidense, com uma voz aguda e meio desgarrada que devemos guardar em algum rincão de nosso catálogo sonoro, passou a ser uma das grandes legendas da música soul.

Ouça a música What Becomes of the Broken hearted:


Traduzido por José Reinaldo Carvalho, do Portal Vermelho