Livro desvenda relação entre ditadura e homossexualidade 

Durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), ocorreram diversas atrocidades contra os direitos humanos, como torturas e perseguições feitas pelo Estado. Dentro desse contexto, gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais também foram alvo da violência e da perseguição pelo regime, mas o assunto nunca teve a devida repercussão.  

Livro desvenda relação entre ditadura e homossexualidade

 Com objetivo de contribuir para uma análise interdisciplinar das relações entre o período e as homossexualidades, James Green, famoso historiador brasilianista da Universidade de Brown (EUA), e Renan Quinalha, integrante da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, organizaram o livro Ditadura e homossexualidades: repressão, resistência e a busca da verdade.

Green e Quinalha foram os responsáveis pelo capítulo sobre homossexualidades no relatório da Comissão Nacional da Verdade. Na coletânea, que conta com nove artigos, é mostrado como o movimento de resistência LGBT foi sufocado, reprimido e impedido de se desenvolver, como ocorria em outras partes do mundo naquela época.

“Essa análise dos cruzamentos entre a ditadura e as temáticas ligadas ao universo da homossexualidade torna-se ainda mais importante considerando o momento atualmente vivido em nosso país, no qual diversas Comissões da Verdade estão investigando as graves violações aos direitos humanos praticadas durante o governo autoritário”, afirmam os organizadores.

Além de artigos dos próprios organizadores, também integram a coletânea textos de Benjamin Cowan, Jorge Câe Rodrigues, José Reinaldo de Lima Lopes, Luiz Gonzaga Morando Queiroz, Marisa Fernandes, Rafael Freitas, e Rita de Cassia Colaço Rodrigues.

Sobre os organizadores

James Green é professor de história do Brasil na Brown University e autor de Além do Carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil do século 20, que recebeu o Prêmio de Literatura "Cidadania em Respeito à Diversidade" da Parada GLBT de São Paulo em 2001, e Apesar de vocês: a oposição a ditadura militar nos Estados Unidos, 1964-85, que recebeu o prêmio de melhor livro da Seção Brasil da Latin American Studies Association.

Também coeditou Frescos trópicos: fontes sobre a história de homossexualidade no Brasil; O homossexualismo em São Paulo e outros escritos, que ganhou o Prêmio "Cidadania em Respeito à Diversidade" para Literatura da Parada GLBT de São Paulo em 2006 e Homossexualidade: movimento, sociedade e lutas, dos Cadernos Edgard Leuenroth, da Unicamp.

Renan Quinalha tem formação em Direito e Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP), onde também defendeu o mestrado em Sociologia do Direito e, atualmente, cursa o doutorado em Relações Internacionais. É membro da diretoria do Grupo de Estudos sobre Internacionalização do Direito e Justiça de Transição (Idejust) e assessor da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva". Autor do livro Justiça de transição: contornos do conceito.

Da Redação em Brasília