Deputada e médica cobram saúde reprodutiva para moradoras de rua 

A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) e a médica ginecologista Carolina Sales Vieira pediram ações mais específicas do governo federal na atenção à saúde de mulheres vulneráveis, que vivem nas ruas sem qualquer tipo de assistência, como adolescentes e usuárias de álcool e drogas. Em audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara, nesta quinta-feira (20), elas defenderam que as equipes de saúde cheguem a essas mulheres, principalmente as usuárias de crack.  

Deputada e médica cobram saúde reprodutiva para moradoras de rua - Agência Câmara

A expectativa de Jô Moraes é, no próximo ano, ir com outros deputados ao Ministério da Saúde para discutir o assunto. “Quando tratamos de uma atenção à saúde reprodutiva das mulheres, que significa o direito a regular sua sexualidade e maternidade, nós temos de começar pelas mais vulneráveis”, disse a deputada.

Um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com usuários de crack, feito em 2013 por encomenda do governo federal, indicou que 10% das usuárias pesquisadas estavam grávidas. A estimativa é de que 95% dessas gestações não tenham sido planejadas.

“Para o Estado, o custo de uma gestação não planejada é de R$2.293 e R$ 4,1 bilhões por ano”, observou Carolina Sales, que é professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP).

Por outro lado, ela ressaltou que essas mulheres são mais expostas a violência sexual e a doenças sexualmente transmissíveis e têm pouco acesso aos sistemas de saúde. Na gravidez, elas não fazem o pré-natal e correm o risco de ter um parto prematuro e bebês com complicações de saúde, sujeitos ao abandono.

A médica Carolina Sales defendeu a oferta pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para essas mulheres, de anticoncepcionais de efeito reversível e de longa duração, como o DIU hormonal e o implante subdérmico. “Hoje, o que há para essas mulheres, quando elas não querem engravidar? Pílula, que elas não lembram; camisinha, que elas também não lembram; DIU de cobre, que demanda que ela vá ao médico. Em último caso, uma laqueadura precoce.”

Carolina reclamou ainda da falta de dados sobre essas populações. A técnica do Ministério da Saúde, Luciana Fonseca, reconheceu a falha e admitiu que faltam ações focadas nesse segmento.

Conforme explicou, hoje o ministério trabalha com essas populações em programas mais gerais. Por exemplo, a usuária de crack grávida recebe atenção dentro da Rede Cegonha, o programa do governo de atenção às gestantes e parturientes. Luciana Fonseca disse ainda que a inclusão de novos medicamentos na cesta do SUS requer financiamento, o que seria um ponto a ser estudado.

Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara