Espetáculo retrata a criminalização e morte da juventude negra

A Associação Artística Nóis de Teatro faz a pré-estreia do seu novo espetáculo, Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro, nesta quinta-feira (20), no Centro Cultural Banco do Nordeste em Fortaleza (CE), às 19h.

Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro - Divulgação

Contemplado no Prêmio Funarte de Arte Negra, a peça traz intensa discussão dialética sobre a criminalização e morte da juventude negra das periferias, debatendo também a desmilitarização da polícia brasileira. Com direção de Murillo Ramos e dramaturgia de Altemar Di Monteiro, ela é dividida em três atos e conta a história de Natanael, um “anti-herói” que nasce na periferia, vive inserido num sistema de opressão e violência e, aos 18 anos, resolve entrar pra polícia militar.

Trata-se de uma dramaturgia épica, onde o ator-narrador é o grande foco, numa espécie de “tragédia afro”, com elementos alegóricos e representativos do universo do movimento negro no Brasil e no mundo, além de múltiplas referências à mitologia dos Orixás.

Para a montagem do espetáculo, o Nóis de Teatro visitou várias comunidades quilombolas do Ceará e do Maranhão, dialogando também com movimentos sociais que pautam as questões da população negra.

Desse modo, a data da pré-estreia foi escolhida pela importância que o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, tem para o movimento negro no Brasil. Após a pré-estreia, o grupo vai realizar a temporada de estreia na Praça da Gentilândia, no Benfica, nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, sempre às 19h.

O Nóis de Teatro está localizado na periferia de Fortaleza, na Comunidade de Granja Lisboa, no Território de Paz do Grande Bom Jardim.

Ao longo dos últimos 12 anos, o grupo tem construído uma ação continuada no que diz respeito à circulação de espetáculos, oferta de cursos, intercâmbios e oficinas (teatro e percussão) para a comunidade, contribuindo de forma significativa para a formação de plateia, incentivando crianças e jovens como sujeitos sensíveis, protagonistas de um novo mundo, uma comunidade mais justa e menos violenta.

Fonte: Fundação Nacional de Artes