Senado: Ana Rita alerta para violência contra população negra

Em pronunciamento na tribuna do Senado nesta terça-feira (18), a senadora Ana Rita (PT-ES) chamou atenção para dados que demonstram a dimensão da violência contra a população negra no Brasil. Ela lembrou que, na próxima quinta-feira (20), comemora-se o Dia da Consciência Negra.

Ana Rita - Agência Senado

Foi às custas do sofrimento dos negros e das negras, nas senzalas, nos campos e nas cidades, que o Brasil foi erguido – recordou a senadora. Ela lamentou que a abolição da escravidão e o crescimento econômico e social do Brasil não tenham mudado esse quadro.

Segundo Ana Rita, os negros brasileiros, especialmente os jovens, são as maiores vítimas de violência nas periferias das grandes cidades. Ela citou dados do Mapa da Violência, pesquisa produzida pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).

A cada duas horas, sete jovens negros são assassinados no país. São 82 jovens mortos por dia, 30 mil no ano de 2012 (data de consolidação das estatísticas). Entre os jovens assassinados, 77% são negros. Impossível não se preocupar com as estatísticas – destacou Ana Rita.

A senadora se declarou favorável ao projeto de lei do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), atualmente aguardando votação no Plenário da Câmara, que obriga a investigação de toda ocorrência de morte ou lesão corporal em ações policiais.

O Projeto de Lei, na prática, acaba com os chamados "autos de resistência", instrumento que autoriza agentes policiais a usar de força maior contra pessoas que supostamente resistam à prisão. Quando um desses casos resulta em morte ou lesão corporal, não se abre investigação.

— Os autos de resistência são a grande licença para matar os negros de nosso país, principalmente os jovens. Não podemos mais compactuar com esse instituto em nossa legislação — protestou Ana Rita.

A senadora também celebrou iniciativas dos últimos anos que, em sua opinião, impulsionaram o combate ao racismo no país. Ela mencionou a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), o obrigatoriedade do ensino de história e cultura africanas nas escolas, a titulação de terras quilombolas e a instituição de cotas para negros em universidades e no serviço público.

Fonte: Agência Senado