Comissão da Verdade Rubens Paiva lança livro “Infância Roubada”

A Comissão da da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” lançou nesta quinta-feira (5) o livro Infância Roubada – Crianças Atingidas pela Ditadura Militar no Brasil. A obra traz uma série de depoimentos e histórias de mães e filhos de presos políticos, perseguidos e desaparecidos durante o regime militar, em vigor de 1964 a 1985 no Brasil.

Livro Infância Roubada - Rafael Bonifácio/Ponte

O livro reúne 44 testemunhos de filhos de presos políticos, perseguidos, assassinados e desaparecidos durante a ditadura militar. Há, também, depoimentos das mães das crianças atingidas, com impressões sobre como viram a violência a qual seus filhos foram vitimados.
Cada testemunho é acompanhado de fotografias, de acervo familiar e arquivos públicos, com o objetivo de resgatar a memória das famílias e a contextualizar o momento histórico, época em que crianças eram fotografadas e fichadas pelos órgãos de repressão.

Há casos de crianças que, além de fichadas como “subversivos” e “terroristas”, foram banidas do país. Como Ernesto Carlos Dias do Nascimento, com dois anos; Zuleide Aparecida do Nascimento, quatro; Luis Carlos Max do Nascimento, seis, e Samuel Ferreira, nove; que foram banidos do país em 15 de junho de 1970, junto com 40 militantes políticos acusados de terrorismo. O decreto com o banimento foi assinado pelo então presidente Emílio Médici e pelo ministro da Justiça Alfredo Buzaid.

A publicação da Comissão da Verdade, presidida pelo deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), é resultado de um ciclo de audiências públicas realizado em 2013, com o objetivo de jogar luz e dar visibilidade às violências cometidas contra crianças durante a ditadura. Ainda não se tem dimensão do enorme espectro de abusos aos quais foram submetidos. As histórias colhidas na série de audiências eram, até então, em sua maioria, inéditas.

“Neste momento privilegiado da história, em que se busca pela verdade, memória e justiça em relação ao período da ditadura, revelar essas histórias cruéis é fundamental para fortalecer a nossa incipiente democracia”, observa Adriano Diogo, presidente da Comissão da Verdade “Rubens Paiva”. “Só assim poderemos garantir um futuro melhor às novas gerações de crianças e adolescentes de nosso país”.

Da redação do Vermelho com Carta Capital e Ponte