Livro apresenta panorama detalhado do Modernismo no Brasil

O livro “João Batista Vilanova Artigas – Elementos para a compreensão de um caminho da arquitetura brasileira, 1938-1967” de Miguel Antonio Buzzar apresenta um panorama detalhado do Modernismo no Brasil, ao mesmo tempo em que o articula com os caminhos da produção de João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), normalmente associada ao movimento arquitetônico conhecido como Escola Paulista.

FAU-USP Vilanova Artigas - Reprodução

Com o estudo, o autor empreende uma tentativa de preencher as lacunas existentes na historiografia sobre a obra do arquiteto e sobre a arquitetura brasileira em geral.

Buzzar adota o conceito de trama desenvolvido por Paul Veyne, em que os eventos estão repletos de leituras e com itinerários precisos, para criar imagens da historiografia da arquitetura brasileira, inserindo nesse princípio a obra de Artigas.

Ao adotar essa proposição, ele interpreta Artigas como um caso específico da genealogia: ideologicamente o arquiteto fez parte constitutiva da própria trama, à medida que procurou criar e a trama pretendeu confirmar uma expressão arquitetônica nacional própria. Já em termos formais ou da forma arquitetônica elaborada e sua densidade cultural Artigas questionava a constituição da trama. Para Buzzar, Artigas não “obedeceu” às linhas e, em termos genéricos, as características arquitetônicas da vertente moldada como hegemônica, transferindo para a edificação e sua construção o que problematizava na modernização do país e estimulando um conflito em termos culturais.

As ideias de Artigas, mostram esta obra, procuravam relatar a história comum e também guardavam autonomia, o que denotava dupla inscrição – enquanto integravam também questionavam. Com isso, a produção do arquiteto, sempre reconhecida inclusive como formadora de uma vertente da arquitetura brasileira, não deixa de surgir, na historiografia, como um não declarado “desvio”, o que adquiriu uma dimensão de desconforto. Tudo em Artigas seria visto como excessivo, de acordo com Buzzar, mas as simplificações não explicariam porquê sua produção e seu pensamento, antes de serem esmaecidos, continuaram, e ainda continuam, a gerar significados para além da trama.

Sobre o autor

Miguel Antonio Buzzar é mestre e doutor em estruturas ambientais urbanas pela FAU-USP e livre-docente pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC USP). Leciona na USP desde 1989, inicialmente na EESC, e, atualmente, no Instituto de Arquitetura e Urbanismo. Dono de extensa produção acadêmica, é pesquisador de arquitetura e urbanismo contemporâneos e também de programas e políticas públicas de habitação de interesse social.