Adesão ao neoliberalismo provoca racha no PSB e Rede

A crise está instaurada no PSB e Rede com a adesão à candidatura de Aécio Neves (PSDB). Na busca de garantir a migração dos votos de Marina Silva para o tucano, as alianças feitas pelo comando não tem apoio da base dentro das siglas, o que é um indicativo do comportamento das urnas no segundo turno das eleições.

Marina e Aécio

O Partido Socialista Brasileiro, o PSB, oficializou nesta segunda-feira (13), em Brasília, a troca do comando da sigla que vem acompanhada de uma profunda crise interna, por conta do apoio a Aécio. A legenda será comandada pelo então primeiro-secretário, Carlos Siqueira, que compõe a ala pernambucana que defendeu a adesão à campanha tucana.

Lideranças importantes do partido como o ex-presidente Roberto Amaral e a deputada federal por São Paulo Luiza Erundina, não compareceram.

Enquanto a direção nacional abandona a esquerda e adere ao capital, os diretórios do PSB da Bahia, Acre, Paraíba e Amapá anunciaram que não vão seguir a executiva e anunciaram apoio à reeleição de Dilma.

Os governadores Camilo Capiberibe (AP) e Ricardo Coutinho (PB), com apoio de outras lideranças nos estados, manifestaram-se contrários a posição nacional do partido.

Na terra natal de Marina Silva, o partido integra a coligação do governador Tião Viana (PT), que disputa o segundo turno contra Márcio Bittar (PSDB) e anunciou que fará campanha para Dilma.

Nem mesmo entre os familiares de Eduardo Campos existe consenso. A mulher de Eduardo Campos, Renata, e os filhos do ex-governador, declararam apoio a Aécio. Mas a prima de Eduardo, Marília Arraes, integrante da juventude do PSB, declarou voto em Dilma.

PSB abandona esquerda, diz Amaral

Nos últimos dias, o ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, tem feito severas críticas à adesão à direita. Segundo ele, o partido fundado por Miguel Arraes, renunciou ao seu futuro quando se aliou a Aécio Neves. “O PSB renega seus compromissos e joga no lixo da história a oposição que moveu ao governo FHC”, disse ele em artigo publicado nesta terça (14), no jornal Folha de S.Paulo.

Amaral afirma ainda que as divergências “são insuperáveis”. “Quando se alia a Aécio Neves, o PSB renega seus compromissos programáticos e estatutários. Joga no lixo da história a oposição que moveu ao governo FHC e o esforço de seus fundadores para instalar no solo da paupérrima política local uma resistência de esquerda, socialista e democrática”, disse.

Dilma recebeu apoio de Roberto Amaral, nesta segunda (13) 

O ex-presidente da legenda, que também manifestou seu apoio à reeleição de Dilma, enfatiza que a atual direção “joga pela janela a própria história” e abandona o campo de esquerda. “Um partido socialista não pode se conciliar com o capital em detrimento do trabalho, aceitar a pobreza nem a exploração do homem pelo homem, como se um fenômeno irrevogável fosse. Um partido socialista não pode desaparelhar o Estado para melhor favorecer o grande capital, muito menos renunciar à sua soberania e aliar-se ao capital financeiro internacional, que constrói e que construirá crises necessárias à expansão do seu domínio. Ora, ao dar apoio a Aécio Neves, o PSB resolveu se aliar à socialdemocracia de direita, abandonando o campo da esquerda”, argumenta Amaral.

Lideranças pedem saída da Rede

Na Rede Sustentabilidade, sigla de Marina Silva, acontece mesmo. Em São Paulo, 7 dos 12 integrantes da executiva estadual da Rede deixaram a direção por considerar que o voto de Marina em Aécio trai “a nova política” defendida durante a campanha.

Valfredo Pires, Marcelo Pilon (coordenadores executivos), Emilio Franco Jr., Renato Ribeiro (coordenadores de comunicação), Gérson Moura, Marcelo Saes (coordenadores de finanças) e Washington Carvalho (coordenador de organização) anunciaram a saída da organização.

“Lamentamos essa atitude e relembramos que parte dos membros que pediram afastamento também integra o Elo Nacional [direção nacional] e, desta forma, participou da decisão que hoje rejeita, manifestando-se na ocasião favoravelmente a sua aprovação", diz a nota assinada por dois porta-vozes Fo grupo dissidente.

Com informações de agências