Dilma reúne-se com aliados e apresenta propostas para debate

Com propostas, principalmente para as áreas de saúde e segurança pública, que, segundo as pesquisas, são as atuais demandas da população. Foi como se apresentou a candidata à reeleição, presidenta Dilma Rousseff, na entrevista coletiva na noite desta terça-feira (7), em Brasília.

Dilma reúne-se com aliados e apresenta propostas para debate - Ichiro Guerra

Ela esteve reunida, durante toda a tarde, com governadores e senadores eleitos de sua coligação. Além dos eleitos, também participaram do evento os candidatos que disputam a eleição no segundo turno e os presidentes dos partidos da base aliada, entre eles o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e a vice-presidenta da legenda e deputada federal reeleita, Luciana Santos (PE).

Após a reunião, somente a candidata falou aos jornalistas. Ela detalhou os programas que pretende implantar em sua segunda gestão, como o Mais Especialidades, na área de saúde; e estender para todos os estados da federação o projeto de segurança pública que já existe nas 12 cidades-sede dos jogos da Copa do Mundo.

Antes de concluir sua fala, a candidata foi interrompida pelos jornalistas que queriam saber sobre os apoios para o segundo turno e a estratégia em estados onde ela foi menos votada, como São Paulo.

“A gente não pode abrir do apoio de ninguém, principalmente em eleição, mas sei também que ninguém é dono do eleitor. Ninguém manda no eleitor. Um homem, um voto, ou melhor, uma mulher, um voto”, disse, destacando que considera importante o princípio democrático que instituiu o conceito fundamental de democracia e a certeza de que cada pessoa é capaz de definir o que quer.

Sobre a votação no primeiro turno, ela manifestou alegria por ter tido votação importante no Nordeste e no Norte; e ter ganho em seu estado natal – Minas Gerais. “Quem me conhece votou em mim”, disse, sendo questionada por uma das jornalistas: “Quem conhece o Aécio não vota nele”, já que o candidato do PSDB, também de Minas Gerais, onde foi governador duas vezes, não recebeu votação expressiva e nem elegeu o candidato dele ao governo do estado. “Você tá deduzindo, você é rápida”, disse a presidenta em resposta à jornalista.

Ela disse que vai trabalhar em todos os estados, com divisão do trabalho, a exemplo do que já fez, entre os vários aliados. E, em resposta às insistentes perguntas dos jornalistas sobre São Paulo, ela disse que “vou abrir o mais possível o debate e a comunicação com todos os setores de São Paulo, porque não dá para ganhar sem ganhar em todos os estados”. “O Brasil é um só.”

Nesse trabalho de segundo turno, Dilma disse ainda que vai contar com a ajuda dos prefeitos, que, nessa eleição, antecipam a mobilização que eles farão para eleições municipais em 2016.

Dois projetos

A reunião, segundo a candidata, fez uma avaliação de todo o sentido político da campanha, que vai ser entre ela e o candidato do PSDB, quando serão apresentados para os eleitores tanto as propostas de governo, mas também, na medida em que os dois têm governos que os respaldam, o que já foi feito. “O candidato do PSDB tem os governos do Fernando Henrique – e eu tenho os oitos anos de Lula e os quatro meus. Nós vamos debater o que já fizemos e as conquistas que – com muito orgulho – demos ao Brasil.”

“O povo vai cotejar. A população vai cotejar. O eleitor vai cotejar os diferentes projetos e as nossas propostas e elas terão que ser críveis. Um dos itens dessa credibilidade das propostas é o que nós fizemos e somos capazes de fazer”, enfatizou Dilma. Segundo ela, é fundamental ter proposta em todas as áreas, mas umas são prioritárias, destacando a saúde e segurança pública, que a população brasileira quer melhorar.

O Mais Especialidades vai construir uma rede de centros de especialidade onde que as pessoas serão atendidas evitando filas e tempo de espera, com hora marcada e prazo máximo de 15 a 20 dias para o atendimento, dependendo da urgência do caso. Esses centros vão combinar os três setores de saúde – pública, privada e filantrópica.

“Na segurança, nós queremos que os centros de operação e controle construídos durante a Copa sejam reproduzidos para o Brasil inteiro, unificando as ações de segurança, atuando em conjunto e integrando as várias polícias, nas ações de inteligência e em ações de segurança nas fronteiras dos estados, para que o crime não saia de um estado para outro fugindo aos processos de repressão e coibição de violência”, explicou a candidata.

Entre ricos e pobres?

A presidenta Dilma disse que na nessa reunião houve a discussão do fato de existir, na disputa entre ela e o candidato do PSDB, uma oposição entre os ricos e os pobres. “Nós faríamos a política dos pobres e eles, dos ricos. Essa é uma posição parcialmente verdadeira. É verdade que nós defendemos os pobres, que pode ser sintetizado na frase: incluir os pobres no orçamento. Nós fizemos isso e temos orgulho de termos feito isso”, declarou.

Ela citou o fato dos governos dos últimos 12 anos ter tirado 36 milhões da pobreza e levado 42 milhões para a classe média. “Mas aí começa outra história, nós melhoramos a vida de todos os brasileiros, com aumento da classe média. Portanto, houve uma nova configuração da estrutura de distribuição de renda no Brasil.”

“Hoje, 73% dos brasileiros estão na classe A, B e C. De cada quatro brasileiros, três estão nessas três classes, sendo que a mais que cresceu foi a C. Isso transformou o Brasil de forma pacífica e silenciosa, e elevou o Brasil para um perfil diferenciado do que tinha, onde eram numerosos os pobres e reduzidíssimos os ricos. Hoje a grande maioria está na classe média”, avalia a presidenta Dilma.

Ao final ela defendeu a reforma política, dizendo que essa é a maior arma contra a corrupção. Antes de completar seu raciocínio, a candidata foi interrompida por um jornalista que queria a opinião dela sobre a opinião corrente de que o povo não sabe votar.

“Eu acho lamentável que digam que o povo não sabe votar. Isso é uma visão elitista. Eu ouço essa história há muito tempo, mas é do tempo em que não havia eleição.” Ela destacou como uma das grandes forças do Brasil, além de ser um país continental, ter petróleo, minério, agricultura e indústria, os 202 milhões de habitantes.

“E tem a vantagem de ser uma população média para o território, não temos uma superpopulação e ainda temos uma janela etária de oportunidades, porque os que têm idade para o trabalho são mais numerosos que as crianças e os aposentados”, afirmou, anunciando o fim da entrevista, queixando-se da voz rouca, que ela busca debelar com água de côco.

De Brasília
Márcia Xavier