Mídia britânica diz que terroristas do Estado Islâmico atacarão o Irã

O Sunday Times britânico informa que os islamistas do Estado Islâmico (EI) têm planos de desencadear uma guerra contra o Irã para se inteirar de seus segredos nucleares.

Por Vladimir Sajin, na Voz da Rússia

Militantes do Estado Islâmico - AP/Khalid Mohammed

Uma publicação do periódico cita um documento, redigido por um dos líderes do EI, Abdullah Ahmed Al-Mashhadani, membro do Gabinete militar secreto que, para além dele, integra cinco outros “guias espirituais” desse movimento terrorista. O documento, contendo 70 pontos programáticos e descrevendo as linhas estratégicas que possam levar ao aniquilamento das forças iranianas, foi preparado para o uso exclusivo dos dirigentes do EI e seus chefes de guerra.

O texto terá sido descoberto pelas tropas especiais iranianas na casa de um dos líderes do EI. Conforme adianta o Sunday Times, os serviços especiais, depois de perícia, chegaram a comprovar sua autenticidade.

Os sucessos do EI são evidentes: num terço do território da Síria e do Iraque já foi criado um “Estado” que terá estabelecido as leis obscurantistas e as normas de fanatismo medieval, assentes na doutrina jihadista global, elaborada há quase 1.500 anos. E a expansão do EI vai continuando em vertentes diversas.

Quem é que se afigura hoje um inimigo ideológico e militar real do EI, sendo capaz de desempenhar um papel da maior força de ação contra os terroristas? Claro que não se trata das Forças Aéreas dos países da coalizão que, no plano tático, estão efetuando raides aéreos que, no plano estratégico, não são eficientes.

Um adversário potencial e real do EI são as Forças Armadas do Irã, bem equipadas e preparadas. Mais um aspecto importante: durante 8 anos, os iranianos lutaram contra o regime de Saddam Hussein, possuindo hoje as informações objetivas sobre o Iraque e o seu território. Sem dúvida, eles dispõem lá de uma ramificada rede de agentes secretos. O teatro de operações militares também é bem conhecido. E o espírito combativo dos solados iranianos não tem sido inferior ao dos jihadistas loucos do EI.

Teerã, foi a primeira a prestar assistência a Bagdá depois do início da operação do EI. Segundo alguns dados, os iranianos continuam a prestá-la por meio de conselheiros militares, fornecimentos de material bélico e a intervenção das forças especiais. Resumindo, Teerã se empenha ativamente no combate ao EI.

Em virtude disso, o governo iraniano tem concentrado muitas forças militares na fronteira com o Iraque. Dai a pergunta: poderão ou não uns 20-30 mil fanáticos do EI (5 mil dos quais são procedentes da Europa, Ásia e América) opor a resistência às forças regulares iranianas que são muito mais fortes e unidas do que as FA do Iraque desmoralizadas? Acho que não.

Um ponto programático notável se refere aos “métodos” de obtenção de segredos nucleares do Irã. Curioso notar que para atingir esse objetivo, os extremistas islâmicos têm examinado a possibilidade de cooperação… com Moscou. O EI se propõe a oferecer à Rússia uma permuta interessante: obter acesso a segredos nucleares russos em troca das zonas petrolíferas iraquianas, situadas na província de Anbar, controlada pelo EI. Sob a condição de que Moscou “deixe de apoiar o regime de Bashar al-Assad na Síria e o regime iraniano”.

Tais fantasias islâmicas dispensam comentários ou debates. Mas surge uma dúvida: ou os autores do documento não são bem adequados (ou não são adequados de todo), ou possuem um bom sentido de “humor negro”.

Bom, falando sério, o documento em causa contém informações duvidosas, salvo a possibilidade de atos terroristas em relação ao Irã.

Mas quem é que irá ganhar, se o Irã e o EI forem colocados à beira da guerra? Parece que são as forças que gostariam de empurrar o Irã para ações militares contra o EI no Iraque e que têm as potencialidades suficientes para entrar nas esferas superiores do EI, até influindo sobre o conteúdo do documento citado, cuja autenticidade está fora de dúvida.

Fonte: Voz da Rússia