Secretário acredita que número de ciclistas vai triplicar em São Paulo

O secretário municipal dos Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, espera que o número de ciclistas na capital paulista aumente dos atuais 500 mil para 1,5 milhão com a conclusão da rede de 400 quilômetros de ciclovias na cidade, até 2016. “Quando se cria uma estrutura cicloviária o ciclista aparece”, afirmou nesta segunda-feira (22), durante entrevista no programa Gabinete Aberto, realizado no Centro Cultural São Paulo.

ciclovias - Prefeitura de São Paulo

O dado é estimado pelo secretário com base nas contagens de ciclistas feitas nas faixas exclusivas e informações do aumento na venda de bicicletas desde o início da medida.

Desde o ano passado foram construídos 78,3 quilômetros de ciclovias na capital paulista. O processo vem sendo feito em partes e alguns desses trechos não possuem conexão com outras vias ou equipamentos públicos.

Uma pesquisa divulgada na última quinta-feira (18) pelo Ibope, encomendada pela Rede Nossa São Paulo, mostrou que 88% dos paulistanos são a favor da construção e ampliação de ciclovias na cidade. O levantamento ouviu 700 pessoas entre dos dias 29 de agosto e 3 deste mês.

A rede também vai contar com a passagem das ciclovias sobre as 19 pontes que cruzam as marginais dos rios Pinheiros e Tietê. Não entram na conta as pontes que ligam avenidas com as próprias marginais, como a ponte estaiada Otávio Frias de Oliveira.

“O maior problema para fazer isso são as alças de acesso das marginais para as pontes”, explicou Tatto. Por esse problema, algumas pontes terão ciclopassarelas anexas e não ciclovias, como Cidade Universitária, Ponte do Socorro, Cidade Jardim, Freguesia do Ó e Piqueri. A primeira ponte a ter passagem para bicicletas será a ponte da Casa Verde, em caráter experimental. A travessia dos rios é uma demanda antiga dos cicloativistas.

Na manhã desta segunda (22), em encontro com cicloativistas, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), garantiu que todos os distritos da capital serão interligados pelas ciclovias. “Nenhum distrito, por mais periférico que seja, vai deixar de estar ligado à malha cicloviária. Quatrocentos quilômetros dá para chegar até o Rio de Janeiro, então, dá também para chegarmos em Guaianases (zona leste), em Perus (noroeste), em Marsilac (sul)”, afirmou Haddad.

Ele também propôs que os cicloativistas reivindiquem a redução de impostos – ICMS (estadual), PIS, Cofins e IPI (federal) – sobre as bicicletas. "É importante começarmos a batalhar junto aos governos estadual e federal a isenção de impostos para a bicicleta”, afirmou. Nenhum imposto municipal incide sobre a bicicleta. Haddad vai propor à Frente Nacional de Prefeitos (FNP) que adote a pauta. Ele acredita que poderia se reduzir em até 30% o preço da bicicleta.

Tatto ainda aproveitou para rechaçar a crítica de que as faixas exclusivas para ciclistas estão sendo feitas sem estudos. “Isso é conversa fiada.”

O secretário ressaltou que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não tinha nenhum acúmulo sobre a implementação de ciclovias. “Mandamos pessoas para Buenos Aires, Nova Iorque. O número de 400 quilômetros surgiu de um comparativo, de quanto cada cidade tem de ruas e ciclovias, modelo, conexões, e qual a realidade de São Paulo”, explicou. Para o secretário, o próprio tamanho final da rede já está defasado e hoje devia se pensar em mil quilômetros.

O secretário também garantiu que 18 dos 28 terminais de ônibus municipais vão receber bicicletários, criando aproximadamente 1.500 vagas para guarda de bicicletas. A prefeitura também vai implementar novos paraciclos na cidade, mudando o atual formato de colocá-los sobre calçadas.

“Estava errado. Instalava o suporte e quando colocava a bicicleta o pedestre não tinha por onde passar”, ponderou. Os novos equipamentos serão disponibilizados internamente em equipamentos públicos e em trechos de ruas. Tatto também acredita que, tão logo se aumente o uso das ciclovias, os comerciantes, as estações de Metrô e outros locais vão possuir estacionamentos para bicicletas.

O secretário também lançou a possibilidade de a secretaria propor um plano para melhoria das calçadas, contemplando assim a principal forma de deslocamento em São Paulo. Cerca de 30% das pessoas se locomovem somente a pé, segundo a pesquisa origem destino do metrô paulista. Tatto defende que elas não devem ficar sob cuidado do dono da casa. “Ela é pública, a responsabilidade deve ser do poder público”, afirmou.

Fonte: Rede Brasil Atual