Aristeu: Leviandade ou oportunismo de Aécio sobre Bolsa Família

Como ninguém tem cobrado isso dele ultimamente, até parece ato falho do candidato tucano ao Planalto, senador Aécio Neves (coligação PSDB-DEM), essa necessidade que ele sentiu nesta quarta-feira (17), de reafirmar que, caso seja eleito, vai manter o Bolsa Família. Mas, Aécio não deixou de frisar que abrirá o que chamou de “caixa-preta” no cadastro dos destinatários do programa.

Por Aristeu Moreira, publicado no Blog do Zé Dirceu

Aécio em entrevista ao Jornal da Record - Orlando Brito

“Nós queremos a política da superação da pobreza. E é isso que nós estamos fazendo. Primeiro a questão pontual: nós vamos abrir esta caixa-preta que é o cadastro do Bolsa Família. Ninguém sabe direito o que está acontecendo no Bolsa Família, você não consegue saber”, declarou o presidenciável.

Aécio disse já ter solicitado, como senador, acesso a informações sobre o programa, mas não obteve resposta. “O governo não responde estes requerimentos de informação para saber como está a escolaridade destes meninos, como está a vacinação destas crianças que recebem o Bolsa Família, como está a qualificação dos pais destas famílias, (se) tem algum programa para eles. A gente não sabe nada do que acontece”, afirmou. Aécio falta com a verdade. As informações que, segundo ele, lhe faltam, só ele não tem.

Ao lado do ressurgimento da promessa de manutenção do Bolsa Família, ele vem com essa outra história, agora, de que endurecerá a relação com países fronteiriços que não coíbem o cultivo, a produção e o comércio de drogas. “Nós não daremos, no nosso governo, financiamentos e nem estabeleceremos parcerias com países que não tiverem internamente um programa confiável de diminuição, de inibição do combate às drogas e da produção de drogas nestes países. Para mim isso é absolutamente claro”, declarou.

Aécio Neves parece papagaio que fica repetindo o que outros dizem sem checar. E não é a primeira vez que ele faz isso. Seu grau de irresponsabilidade e sua leviandade não têm limites, mas isso se agravou com sua queda nas pesquisas. A partir dali ele fala qualquer coisa desde que agrade ao auditório ou soe para ele mesmo como uma grande solução.

Agora ele ameaça até romper relações com a Bolívia, o Peru, a Colômbia e outros países caso não reduzam suas áreas plantadas de folha de coca. Como se isso fosse uma questão de vontade política. E como se todos não percebessem a gravidade dessa afirmação, tão patente quando analisamos as décadas e décadas de luta contra as drogas travadas, sem sucesso, pelos Estados Unidos, por exemplo, através do seu poderoso setor de combate às drogas, o DEA.

Basta ver, também, informar-se a respeito, sobre o esforço de anos e anos da Colômbia nesse combate e a situação lá. Por aí se vê e se tem consciência do tamanho da bobagem que Aécio fala e da gravidade do que diz um candidato à Presidência da República do Brasil, inclusive e principalmente, pelas consequências em nossas relações com nossos vizinhos.

Na questão do Bolsa Família, Aécio poderia usar não só todas as informações públicas disponíveis, como as exclusivas que lhe foram enviadas diretamente pela ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello. Quando ele apresentou dois projetos malucos sobre o Bolsa, tornando-o política de Estado e exigindo que beneficiário cursasse o Pronatec, a ministra respondeu-lhe sim.

Tereza Campello esclareceu que ele não leu, nem se informou, mas o programa já é política de Estado pela lei que o criou e que contém exigência sobre escolaridade de criança de família beneficiária. Mas que beneficiário do programa em idade escolar não está na faixa de cursar o Pronatec.

Foram as mesmas respostas-esclarecimentos, aliás, prestadas na semana passada pelo Ministério, quando o Tribunal de Contas da União divulgou relatório de fiscalização em que diz que os critérios de renda para atribuição do Bolsa estão errados. Tereza Campello, ministra da Pasta, responsável pelo programa, informou que o relatório do tribunal “parte de premissas erradas para chegar a conclusões equivocadas”. A nota diz considerar que o texto revela ignorância dos técnicos sobre os critérios internacionais de mensuração da pobreza, desconhecimento da legislação e erros de cronologia.

Vejam vocês, uma carga de informações imensa, que a leviandade ou irresponsabilidade de Aécio o levou a não usar. Ou então, seu oportunismo eleitoreiro.