Marina diz que direito é sagrado, mas nem sindicalistas do PSB confiam

Depois de prometer em encontro com empreendedores que faria uma “atualização” nas leis trabalhistas, a candidata Marina Silva do PSB teve que vir a público para dizer que, se eleita, respeitará os “sagrados” direitos dos trabalhadores brasileiros e atribuiu a má repercussão de sua afirmação a “fofocas e mentiras”.

Marina Silva - Vagner Campos

No entanto, a sua declaração não convenceu nem mesmo lideranças sindicais ligadas ao seu partido, o PSB. Isso porque o programa de Marina revela que o que ela chama “atualização” na verdade representa a retirada de direitos e conquistas dos trabalhadores.

Segundo nota da coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo desta quinta-feira (18), sindicalistas ligados ao PSB se dizem “muito preocupados” com as propostas da candidata para os trabalhadores. Dois pontos são considerados cruciais no plano de governo: a defesa de “ajustes” na CLT e a terceirização.

“Há questões que não estão claras e preocupam enormemente os trabalhadores”, disse Nair Goulart, presidente da Força Sindical na Bahia. A nota diz ainda que o coordenador sindical do PSB, Joílson Cardoso, admite que há muitas “lacunas” no programa.

Abismo criado pela banqueira Neca

As “lacunas” citadas por Joílson são um abismo. O programa é frontalmente contrário aos direitos dos trabalhadores ao defender a terceirização ampla e irrestrita, questão essa que todas as centrais sindicais são contrárias. No entanto, não poderíamos esperar outra proposta da candidata, já que o plano foi elaborado pela sua mentora Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, que Marina insiste em dizer se tratar de uma educadora.

Para se ter uma ideia, na página 75 do plano de governo de Marina encontramos a seguinte redação: “..terceirização de atividades leva a maior especialização produtiva, a maior divisão do trabalho e, consequentemente, a maior produtividade das empresas”.

Como se isso não bastasse, o texto continua: “Há no Brasil um viés contra a terceirização, e isso se traduz bem no nosso sistema tributário, que impõe impostos como ISS e ICMS em cascata ou cumulativos em transações que envolvem duas ou mais empresas. A consequência: algumas atividades que poderiam ser terceirizadas por empresas acabam realizadas internamente, em prejuízo da produtividade, porque essa forma de tributação eleva os custos e tira a vantagem da operação”.

Ou seja, para Marina a terceirização é boa para produtividade – leia-se lucro – das empresas, portanto não importa se os trabalhadores perderão direitos desde que seja garantido que os empresários não tenham prejuízos.

Redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com informações de agências