Dilma: Antes o povo ficava para trás, hoje quem mais mudou foi o povo”

Em lançamento do livro Um país chamado favela, de Renato Meirelles e Celso Athayde, a presidenta Dilma Rousseff reforçou a importância dos programas sociais do governo federal, criados a partir da eleição do presidente Lula, e provocou candidatos à Presidência que propõem o corte no número de ministérios. “Desde que o Lula foi eleito, tivemos uma mudança nesse país. Colocamos o pobre no orçamento. Esse país está mudando. Está se transformando por dentro, por seu próprio esforço também.”

Foto: Ichiro Guerra/ Dilma 13

A presidenta Dilma Rousseff participou nesta segunda-feira (15), no Rio de Janeiro, do lançamento do livro que retrata a vida dos moradores das favelas.

No evento, a candidata à reeleição condenou o preconceito ainda vigente no país e revelou posições. “A pior chaga que um país tem é a discriminação. Não podemos aceitar o preconceito contra os negros. Nós só não achamos que não é possível aceitar, como pra derrotar esse preconceito, criamos a lei de cotas. Não podemos aceitar também o preconceito contra a mulher. Não podemos aceitar a violência contra uma pessoa só porque ela tem orientação sexual diferente da tua. Não podemos aceitar nada disso. Isso significa termos uma democracia forte. Cada um tem seu lugar”, disse.

“Nós colocamos o pobre no orçamento da União”

Entre os programas citados por Dilma como demonstração da mudança ocorrida no país estavam o Minha Casa, Minha Vida, ProUni e Pronatec. “Hoje nas favelas tem pessoas com carteira assinada. Eu e Lula criamos mais de 21 milhões de empregos”, falou.

“Tem gente, inclusive, querendo reduzir ministério. Um deles é o Ministério da Igualdade Racial. Outro ministério que eles não gostam muito, que é do Direitos Humanos”, disse Dilma.

A presidenta ainda apontou desafios para um possível segundo mandato e comentou algumas “revoluções no Brasil”. “Aprovamos uma lei que 75% do pré-sal vai pra educação e 25% pra saúde. Agora, temos que ter educação em 2 turnos. Nenhum país chegou a ser desenvolvido sem educação em 2 turnos. Nenhum país chegou a ser desenvolvido sem isso. Por isso é que começou a discussão de pra onde vai o dinheiro do pré-sal. O petróleo que está lá embaixo é de vocês, é de todo povo brasileiro”, opinou para completar: “Tem uma outra transformação ocorrendo no Brasil e ela é forte. Temos 9 milhões de microempresas hoje no Brasil. Nós reduzimos em 40% os impostos e damos crédito. Hoje o Brasil coloca na Caixa Econômica ou no Banco do Brasil crédito com juros muito baixos. Pobre não dá o cano, pobre tem vergonha na cara. Esse crédito tem a menor taxa de inadimplência no país”.

Um país chamado Favela

Nos últimos 10 anos, a realidade nas comunidades mudou muito, e para melhor. Este avanço é resultado da melhoria da renda e escolaridade dos moradores de comunidades, segundo o livro Um país chamado Favela, do pesquisador Renato Meirelles e de Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa).

Os autores dizem que a melhoria é percebida também por esses brasileiros: 76% dos moradores de comunidades acreditam que a vida melhorou em 2013 e 93% acham que vai melhorar ainda mais em 2015. 

O Brasil tem mais de seis mil comunidades, habitadas por quase 12 milhões de pessoas. Com renda anual estimada em R$ 63,8 bilhões, pode-se dizer que, se fosse um estado, as comunidades seriam a quinta maior economia do país. Em relação à escolaridade, 73% dos jovens das comunidades estudaram mais que seus pais. Os pesquisadores apontam que cada ano de estudo aumenta a renda em até 15,7%.

O rendimento dos moradores destas regiões cresceu 54,7% em 10 anos, aumento acima da média nacional – que foi de 37,9%. Pertencem à classe média 65% da população das comunidades e as mulheres são as responsáveis por 42% das famílias. A média salarial dessas pessoas é de R$ 1.068 (2013). Há pouco mais de 10 anos era de apenas R$ 603 (2003).

Muitos dos moradores de comunidades são beneficiados pelos programas de transferência de renda do governo federal. Atualmente, 25% das famílias são beneficiárias do Bolsa Família. “É interessante como o benefício faz o dinheiro circular. É quase inteiramente gasto com produtos e serviços dentro da comunidade”, disse Meirelles para a Agência PT.

Mais investimentos

No próximo mandato, a população das comunidades será beneficiada pelos investimentos em Educação, Saúde, Infraestrutura e no crescimento da economia, contribuindo para a geração de emprego e renda, e a eliminação da pobreza.

A proposta de investir fortemente na qualidade da educação e, ao mesmo tempo, ampliar cada vez mais o acesso ao ensino, em todos os níveis – desde a creche até aos mais especializados cursos –, darão solidez à posição social dos brasileiros que subiram na escala social e estão hoje em posição melhor que a de origem.

“A educação continuará a dar chances de ascensão àqueles que ainda permanecem pobres e vai garantir mão de obra na quantidade e qualidade necessárias para sustentar o crescimento do país”, aponta o Programa de Governo da presidenta para o próximo mandato.
 
A política de mudança na qualidade do emprego também terá forte apoio da educação, com a criação de mais 12 milhões de vagas para cursos técnicos até 2015, na segunda fase do Pronatec-2, com objetivo de qualificar trabalhadores.

No campo da infraestrutura, a presidenta Dilma Rousseff vai investir na melhoria da qualidade de vida da população urbana, que hoje representa 81% dos brasileiros. Essa reforma enfrentará o desafio de equacionar o déficit habitacional, a questão da mobilidade urbana, do saneamento e da segurança pública.

Renda

No evento, Dilma destacou que o governo melhorou a renda do país, principalmente o salário mínimo, que de 2003 até agora teve aumento de 71% acima da inflação.

“Isso fez com que o nosso povo não só deixasse de ter fome, mas passasse a consumir. Tudo isso significa que a desigualdade deste país foi reduzida – e muito. E temos um único caminho para garantir que essas conquistas todas sejam perenes: educação, educação e educação.” A seguir, a presidenta pôs-se a falar do pré-sal e dos royalties de 75% para a educação do país.

Ao ressaltar a parte da apresentação em que revelou-se que 42% dos lares das favelas são chefiados por mulheres – e desse total 24% são de mães solteiras –, Dilma destacou que a função da creche é fundamental no novo desenho de Brasil: “A educação de um menininho ou menininha tem que ser a mesma, seja ele filho de trabalhador ou do empresário”.

Dilma concluiu seu discurso falando que o pior problema do país é o preconceito que leva à violência, e que isso tem que acabar – seja a violência contra negros, mulheres ou pessoas com orientação sexual diferente da sua. “A democracia está na diversidade.”

Fonte: Portal Dilma
Com agências