Ex-presidente da Caixa rebate críticas do guru econômico de Aécio

Jorge Mattoso, economista e ex-presidente da Caixa Econômica Federal, rebate declarações de Armínio  Fraga, do economista guru do presidenciável Aécio Neves (PSDB), que considera que o aumento do poder de compra da população mais pobre é um “preconceito ideológico com o investimento”.

Jorge Mattoso - ex-presidente da Caixa

“Isso não é uma aposta irresponsável no consumo como motor do crescimento, tampouco minimiza as ações do lado da oferta, como as políticas industrial, educacional, de infraestrutura e de ciência e tecnologia. De 2004 à crise de 2008, o Brasil viveu um ciclo virtuoso de crescimento com distribuição de renda, com vigorosa expansão do consumo”, disse Mattoso em artigo publicado nesta segunda-feira (1º), na Folha de S.Paulo, escrito com Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia da Unicamp.

Ele destaca que entre 2004 e 2013 as taxas de crescimento do investimento foram mais altas do que do PIB, sendo de 16,4% em 2002 e chegando a 20,9% em 2013. “A política econômica dos governos Lula e Dilma priorizou, pela primeira vez em nossa história, o crescimento econômico com distribuição de renda e permitiu a redução da pobreza, da desigualdade e do desemprego”, enfatizou.

Mattoso frisou que nessas eleições o que está em jogo “são modelos econômicos” com “interesses políticos distintos” e que apesar de Fraga não querer que essas e outras questões façam parte do debate eleitoral, elas são necessárias. “O modelo de crescimento e o papel da distribuição de renda devem ser objeto do debate eleitoral, sem espantalhos ou demagogia. Qual será a política salarial em um governo Dilma, Aécio ou Marina? As baixas taxas de desemprego serão sacrificadas em nome do combate à inflação? Haverá compromisso com a continuidade da distribuição de renda? O próprio Armínio já disse que o salário mínimo cresceu demais no Brasil. A sua versão da distribuição de renda ficará a cargo da espontaneidade das forças de mercado?”, indagou ele.

E finaliza: “Se a implementação dessas políticas atendeu às demandas de parte substancial da população brasileira, mas contrariou alguns interesses estabelecidos, isso é absolutamente natural. O que não é natural, nem bom para o debate, é recorrer a argumentos falaciosos para desqualificar quem pensa diferente”.

Fonte: Folha de S.Paulo