“Eficiência” para Aécio é reduzir o Estado e cortar investimentos

Em sabatina realizada pelo grupo Estado nesta quarta-feira (27), o candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves, manteve a postura de campanha de não detalhar como vai colocar em prática o pouco que apresenta de proposta de governo, mas fez questão de reafirmar seu plano de corte de gastos públicos e dos investimentos.

Aécio Neves

Aécio disse que, se eleito, vai reduzir a presença do Estado e aumentar a participação do setor privado no governo para, segundo ele, deixar o Estado “eficiente”. Indagado sobre quais os setores desses cortes, ele disse que o “desenho” ainda está sendo feito, mas que cortaria pelo menos metade dos ministérios.

O candidato tem se esquivado de dar detalhes sobre esses cortes. No debate na TV Bandeirantes, na terça-feira (26), Aécio foi colocado contra a parede pela presidenta Dilma Rousseff, que o questionou sobre quais as “medidas impopulares” que ele tomaria caso eleito. Mas Aécio fugiu da resposta.

Na sabatina do Estadão, o candidato limitou-se a dizer que seguirá a receita aplicada em Minas Gerais, quando foi governador. Em Minas Aécio fez quatro reformas administrativas, mas nenhuma delas resultou em eficiência.

Guru economista

Na questão econômica, Aécio fez questão de ressaltar que Armínio Fraga será seu ministro, caso seja eleito, dando um sinal de que terá um aplicador de políticas econômicas credenciado pelo sistema financeiro internacional. “Eu, com a indicação do Armínio Fraga, quero mostrar que temos um projeto”, disse ele.

Os brasileiros conhecem bem o “projeto” de Fraga. Com uma vasta trajetória de serviços prestados aos especuladores, incluindo seis anos como diretor-gerente da Soros Fund Management, Fraga foi presidente do Banco Central no governo FHC e, atualmente, administra US$ 7 bilhões com a Gávea Investimentos.

O ex-presidente do BC gosta de fazer “análises” sobre o desempenho da economia no governo Dilma, mas não diz que foi o responsável pela política econômica do segundo mandato de FHC, que em 2002 apresentava crescimento baixo, dívida alta, reservas baixas, meta de inflação descumprida e um dólar que se aproximava de quatro reais.

Fraga, que no início do ano chegou a dizer que o salário mínimo do Brasil havia subido demais, voltou a dar garantias de que os tucanos aplicarão uma drástica política de ajuste. “Com certeza, nós estamos assumindo o compromisso de ter metas bem definidas”, disse ele.

Voltando a falar da sabatina, Aécio continuou o seu factoide. Sobre infraestrutura, disse que o Brasil “é um cemitério de obras abandonadas”.

Canal do projeto São Francisco corta terras do sertão
nordestino
e vai garantir água para 12 milhões de brasileiros.

Mas a realidade é outra. O PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) tem, em pouco mais de três anos, 95,4% das ações previstas para 2011-2014 concluídas e executará 84,6% dos recursos previstos até o final deste ano.

São investimentos em geração de energia, construção de moradias, mobilidade urbana e ampliação do acesso à luz e água, sem falar em geração de emprego e renda. Só em obras de mobilidade urbana foram investidos R$ 143 bilhões em metrôs, BRTs e VLT.

Energia

Sobre a energia, Aécio reclama que a presidenta “Dilma não quis ouvir o setor” e seguiu a cantilena de que haverá “crise energética”, coisa que só vimos no governo tucano de FHC.

O que Aécio tenta classificar como desdém de Dilma trata-se na verdade de uma medida da presidenta que reduziu a taxa de retorno de lucro das termoelétricas, o que levou à redução das tarifas. A ação da presidenta gerou uma insatisfação entre as concessionárias, que pelo jeito contam com a solidariedade de Aécio.

O candidato diz que Dilma “fracassou também em sua grande bandeira que era a transformação social”, mas ao mesmo tempo diz que vai continuar o Bolsa Família – programa que em mais de 10 anos tirou 36 milhões de brasileiros da pobreza.

No plano de Aécio, o Bolsa Família vai se chamar “Família Brasileira”. E não é só o nome que vai mudar. O tucano pretende “classificar as famílias em níveis de carência”, ou seja, o governo definiria a partir de seus critérios quem necessita mais ou menos.

Na sabatina, Aécio defendeu como solução da criminalidade a redução da maioridade penal. “A utilização do menor em crime virou uma verdadeira indústria”, justificou.

Da Redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com informações de agências