Miruna: Sentimento de injustiça não passará

A notícia de que o ex-deputado José Genoino deixaria a penitenciária da Papuda, em Brasília, para cumprir a pena em casa foi recebida com "muita felicidade" pela família, relata a filha mais velha, Miruna Genoino. A imensa frustração, porém, em saber que Genoino não passaria o Dia dos Pais junto da família, neste domingo 10, tomou conta de todos pouco depois. 

Miruna: Sentimento de injustição não passará - Foto: Brasil247

"Única e exclusivamente por burocracia", revolta-se Miruna. "Ontem a gente tava super feliz, mas agora estamos no fundo do poço", descreve. Ela lamenta o fato de que esse tipo de data "nunca vai voltar". "Nunca vamos ter esse dia de volta, são muitas datas que estamos perdendo", diz. E conta que, por isso, a esperança é um sentimento difícil. "Não sabemos mais de nada".

O petista cumpriu no último dia 21 de julho um sexto da pena de 4 anos e 8 meses pela condenação por corrupção ativa na Ação Penal 470, requisito exigido por lei para a progressão do regime semiaberto para o aberto, que em Brasília é convertido automaticamente para o domiciliar. A Justiça marcou para terça-feira 12 a audiência que irá formalizar a progressão do regime e, assim, autorizar Genoino a ir para casa.

Para Miruna, "o sentimento de injustiça nunca vai passar". "Ele é inocente, não fez nada", defende. "Nunca vamos reparar a injustiça, vamos igualar", acrescenta, sobre os mais de oito meses que seu pai já passou na prisão. Um ambiente, como ela descreve, nada apropriado para um paciente cardíaco.

"Ele é um homem forte, é um homem guerreiro, mas o problema é a saúde, principalmente o problema da coagulação, porque a pressão a gente consegue controlar. A coagulação é mais chata, envolve a alimentação, e lá não tem nada disso", lembra. Genoino, que já passou mal na prisão e chegou a ser levado para o hospital, sofre de dissecação da aorta, doença que exige uma série de cuidados específicos.

Outro problema lembrado pela filha do ex-parlamentar é a dificuldade em estar nas visitas. "As visitas são de quarta-feira, dia de trabalho, nós todos, eu e meus irmãos, necessitamos muito do nosso salário. Vai ver quanto é que o filho desses outros ganham", afirma, sem citar nomes. Miruna lembra ainda que a família mora em São Paulo, o que exige mais custos, como passagem aérea, para chegar até a prisão. O contato fica por meio das cartas, que ela escreve diariamente. A mãe, Rioko Kayano, é quem consegue visitá-lo todas as semanas.

Agora, com a saída de José Genoino da penitenciária, o passo é "procurar um lugar para que possamos cuidar dele", diz Miruna. "Cuidados físicos e emocionais", detalha. E tentar retomar, talvez, a rotina que a família perdeu. "Viemos de um desgaste", recorda, citando a imprensa. "Eles noticiam o fato [da progressão para o regime domiciliar] como se dizendo 'ele vai se livrar', como se estivesse dando um jeitinho. Não como se ele tivesse direito. Para começar, não era nem para ele estar lá. Ele é inocente, todo mundo sabe disso". 

Fonte: Brasil247