Oposição tenta evitar instalação da CPI Mista do Metrô 

Foi instalada nesta quarta-feira (6) a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar o esquema de corrupção que funcionou no metrô de São Paulo durante quase vinte anos de governos tucanos no estado. A instalação enfrentou dificuldades por conta da resistência do PSDB, que tentaram inviabilizar a criação da CPMI e barrar o início dos trabalhos do órgão investigativo.

Oposição tenta evitar instalação da CPI Mista do Metrô - Richard Silva

O objetivo é apurar o cartel de multinacionais que pode ter desviado, para subornos, mais de 500 milhões de reais, num esquema que só foi descoberto graças à Justiça da Suíça.

O deputado Renato Simões (PT-SP), indicado para relator da comissão, lembrou que o PSDB assumiu o governo de São Paulo em 1995, com Mário Covas, e, de lá para cá, a Assembleia Legislativa de SP (Alesp) “foi tolhida” na sua atribuição de fiscalizar o Executivo.

“Durante esses quase vinte anos, poucas CPIs funcionaram na Alesp e sempre tuteladas pelo governo. Além disso, os tucanos assumiram o controle da imprensa e do Ministério Público, de modo que eles se autoconcederam um atestado de idoneidade moral sem nunca terem sido submetidos à prova de uma investigação independente”, avaliou o parlamentar.

Segundo ele, a instalação da CPMI é uma conquista muito importante, já que o Congresso Nacional poderá dar uma satisfação à população de São Paulo sobre os atos de corrupção no
governo tucano.”

Renato Simões afirmou que “com a CPMI instalada já é possível solicitar documentos e convocar testemunhas para começar os trabalhos”. Os contratos sob suspeita são: Fase 1 da Linha 5 Lilás (Capão Redondo-Largo 13); Manutenção de trens da CPTM (séries 2000, 2100 e 3000) Modernização da Linha 12 Safira da CPTM; Trens e equipamentos para expansão da Linha 2 Verde do Metrô de São Paulo e Manutenção do Metrô do Distrito Federal.

Manobra da oposição

A primeira reunião da CPI foi marcada pela atuação da bancada do PSDB e parlamentares aliados dos tucanos que tentaram de todas as formas possíveis para impedir a instalação da CPMI. Primeiro, optaram pela estratégia de evitar quórum para abertura da reunião, presidida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em função de ele ser o parlamentar há mais tempo no Congresso dentre os integrantes da comissão.

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), por exemplo, sequer assinou a ata de presença da sessão, embora fosse o tucano mais ativo na tentativa de sabotar o início dos trabalhos da CPMI.

Após a reunião ter alcançado quórum mínimo, os tucanos tentaram assumir a presidência da comissão, em atitude de desrespeito à prerrogativa – informal, mas tradicional e reconhecida por todos os partidos – das maiores bancadas do Congresso indicarem seus nomes para a presidência e a relatoria de CPIs.

O deputado Fernando Francischini (SDD-PR) apresentou candidatura à presidência da CPMI. O deputado paranaense iniciou a atual legislatura pelo PSDB, mas deixou a legenda para criar o Partido Ecológico Nacional (PEN) e, em 2013, migrou para o recém-criado Solidariedade, que é aliado do PSDB no Paraná.

Renato Simões protestou contra o que chamou de “chicanas de última hora” por parte dos tucanos. “O PT lutou intensamente para que a CPMI fosse criada e instalada e, junto com os outros partidos da base aliada, somos o esteio dessa investigação. Por isso, não aceitaremos as chicanas do PSDB e de outros partidos que não querem a investigação desse escândalo”, afirmou Simões.

Após longo embate entre governistas e oposição, em que a oposição tentava evitar a eleição do senador João Alberto (PMDB-MA) para presidente em função do parlamentar não estar presente à reunião, Suplicy convocou uma nova reunião para 2 de setembro, às 14h. A pauta será a mesma: a eleição do presidente e vice-presidente.

Da Redação em Brasília
Com Agência Senado