“A Amazônia precisa ser o centro do debate nacional”, afirma Eron

Dando sequência à serie “Eleições PCdoB 2014”, o Portal Vermelho chega ao norte do país e publica, nesta sexta-feira (25), a entrevista com o candidato comunista a deputado federal Eron Bezerra pelo estado do Amazonas, onde foi deputado estadual por cinco mandatos consecutivos.

Laís Gouveia, da redação do Vermelho

Eron - Arquivo

Eron Bezerra é um dirigente histórico e possui grande referência na região norte do país. Além da sua atuação parlamentar, onde ganhou destaque no papel do combate à corrupção, fez mais de dois mil pronunciamentos em defesa da região, do trabalhador, dos estudantes, da Zona Franca de Manaus, do meio ambiente e na busca de alternativas de desenvolvimento para o Amazonas e para o Brasil.

Eron é autor de vários Projetos de Lei, entre eles, que cria o Corpo de Baile do Teatro Amazonas, institui eleição para reitor e vice-reitor da Universidade Estadual do Amazonas, isentam desempregados e trabalhadores que recebem até três salários mínimos de pagar taxas de inscrição para os Concursos Públicos estaduais, amplia a licença maternidade para seis meses para as funcionárias públicas do Estado e que criou o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim).

Além da área politica, o dirigente também é escritor e profundo conhecedor da região amazônica. Escreveu dois livros: “Amazônia, esse mundo à parte” e a Tese de Doutorado, “A busca de alternativas sustentáveis: a experiência da fábrica de bacalhau da Amazônia”.

Neoliberalismo, nunca mais

Eron afirma que o governo Dilma precisa de reparos, porém, ele representa a única possibilidade que o povo brasileiro de não regressar ao passado: “O Neoliberalismo desenvolvido por Friedrich Hayek cuja essência é a concentração de recursos nas mãos dos capitalistas e suprimir os direitos dos trabalhadores. Não por acaso, a obra desse teórico chama-se ´O caminho da servidão´. Quanto mais benefícios os trabalhadores tivessem, mais o capitalismo entraria num projeto de servidão”. Aponta o dirigente ao se referir aos 8 anos que o PSDB conduziu a presidência da República.

O comunista denuncia o discurso maquiado dos tucanos. “Eles defendem diminuir e acabar com a gastança de dinheiro, principalmente combatendo os custeios. Mas eles não explicam o que é custeio. Custeio nada mais é do que dinheiro aplicado na manutenção de hospital, escola, rodovias, salários e programas sociais, como o Bolsa família. Isso o PSDB chama de gastança e vai combater. Eles só não dizem de forma clara e muita gente se ilude”.

Mais conquistas, mais igualdade social

Quanto ao governo Dilma, o dirigente aponta alguns aspectos que são estão na ordem do dia para garantir a imediata melhora nas condições sociais da população. “É necessário radicalizar mais em direção a avanços, mudança e comprometimento com as camadas populares. É fundamental a reforma política democrática, das comunicações, do judiciário. Precisamos tornar a imprensa livre de fato. Hoje, a burocracia atrapalha a criação de rádios comunitárias.”
Eron enfatiza a necessidade de uma urgente Reforma Urbana “As cidades estão inchadas, precisando de transporte coletivo de qualidade. E quando se fala em transporte coletivo para cidades com mais de 1 milhão de habitantes, deve-se pensar em metrô” .

Ele conclui apontando as inúmeras desigualdades regionais brasileiras “O nordeste é muito pobre, a Amazônia está abandonada e precisa ser colocada no centro do debate nacional, com discussão de infraestrutura, tecnologia e investimentos econômicos para biodiversidade e manejo das florestas”.

Conjuntura Regional

Eron compartilha da atual conjuntura regional do seu estado. “O Amazonas é um estado peculiar. Não apenas por ter 1.570 quilômetros quadrados onde caem três Franças, mas por dificuldade de acesso aos municípios do Estado. Aqui inexistem rodovias e hidrovias. Temos rios em abundância, mas não temos hidrovias, com rios canalizados, sinalizados, regularidade no transporte e preços acessíveis. Para isso é preciso ter muita criatividade por conta dos altos investimentos necessários. É preciso enfrentar uma cruzada para resolver o problema de transporte em nossa região. É possível, mas nunca houve política de Estado. Pretendo pautar esse problema na Câmara. Será um dos pontos centrais do meu mandato. Não temos sequer aeroportos e ferrovias para dar conta de enormes distâncias. A tecnologia existe. Falta decisão política”.

O candidato afirma que os governantes, “deixam de lado os problemas macro. Um exemplo disso é a Zona Franca de Manaus, única fonte de nossa economia. A ZFM tem dependência política, econômica e cultural. Em 47 anos de existência, nenhum governante teve competência para criar um projeto alternativo. Nossa pequena bancada não tem autonomia para tomar decisões, o Projeto Produtivo Básico é decidido pelo Ministério do Desenvolvimento”, e aponta algumas dificuldades a serem enfrentadas. “Na Sepror, fiz um projeto monstruoso: o Bacalhau da Amazônia, com base no desenvolvimento sustentável. Esse não tinha dependência política, econômica ou cultural. Mas precisava ser uma política de estado. Com leis aprovadas na Assembleia, percentual do ICMS destinados a energia, hidrovias e estrutura para atrair investimentos. Ninguém vai investir onde não há infraestrutura. Quem produz TV, produz em qualquer lugar. Bacalhau da Amazônia, só aqui” conclui.

Eleições 2014

O dirigente aponta que o projeto eleitoral será extenso: “Precisamos recuperar o mandato de deputado federal, ampliar nossa bancada estadual e nos preparar para consolidar os avanços com a reeleição de Dilma, garantir a continuidade do Bolsa Família, Prouni, Luz para todos, habitação popular. Com os tucanos, esses programas estarão comprometidos”, e conclui. “, não é mau caratismo. É questão doutrinária”.