Tostão: Título merecido

Apesar dos sete gols contra o Brasil, a Alemanha mostrou a mesma dificuldade de outras partidas, de criar chances de gol, mesmo com o domínio do jogo e da bola. Já a defesa da Argentina, tão criticada antes do Mundial, foi, mais uma vez, o ponto forte. Seus defensores são melhores do que diziam, além de serem muito bem protegidos pelo meio-campo.

Por Tostão*, no jornal O Tempo

AlemanhaXArgetnina - Reprodução

Como a Argentina não conseguiu contra-atacar bem, houve poucas chances de gol dos dois lados, e o jogo terminou em 0 a 0. Na prorrogação, em uma bela jogada de Schürrle, Götze fez um belo gol. Os destaques foram os zagueiros Boateng, Hummels e Garay.

A seleção da Argentina merece aplausos, por enfrentar, no mesmo nível, a Alemanha, e ter tido chance de vencer. Por seu talento, Messi foi discreto.

O time alemão começou a se formar em 2006. Esperou chegar ao mais místico estádio do mundo para ser campeão.

Enquanto isso, no Brasil, por causa do marketing espetaculoso, da indústria do entretenimento e da prepotência, as coisas aconteceram antes dos fatos. O time ganhou a Copa das Confederações como se tivesse vencido a Copa do Mundo. Teve uma atuação heroica, contra a Espanha, no momento errado. Não dá para ser herói dois anos seguidos. A turma do oba-oba, por desconhecimento e/ou por otimismo exacerbado e/ou para aumentar a audiência, foi cúmplice dessa mentira. Raríssimos foram os que, antes do Mundial, criticaram Luiz Felipe Scolari e o time, como o Mauro Cezar Pereira, comentarista da ESPN Brasil.

Antes do Mundial e até o jogo contra a Alemanha, a maioria estava otimista com o Brasil, por entender que seria uma enorme vantagem decidir em casa, mesmo contra seleções mais fortes e sem ter apresentado um futebol convincente nos cinco primeiros jogos. Agora, a maioria dos que eram otimistas critica os que não conseguiam enxergar a realidade.

Foi uma Copa espetacular, inesquecível.

*Tostão é médico, ex-jogador de futebol, craque da seleção brasileira de 1970, tricampeão mundial.