Thiago Cassis: Não somos um, não somos onze, somos milhões

A primeira vitória veio fora do campo. Nosso país venceu os pessimistas, os ingênuos e os mal intencionados e realizou uma grande Copa do Mundo. Tudo funcionou.

Por Thiago Cassis*, no Portal da UJS

Copa do Mundo - Bandeira do Brasil - Reprodução

Dentro do campo o que vimos foi uma das melhores Copas das últimas décadas. Alto nível nos jogos, muitos gols e torcedores empolgados. Tivemos invasão argentina, invasão laranja, gente de todos os continentes colorindo nossas ruas e se surpreendendo com o que encontraram. A alegria contagiante, os serviços que funcionam e nossas belezas naturais constratavam e muito com o que a mídia conservadora propagava mundo afora. Vencemos a primeira batalha!

Mas como brasileiros, nascidos no país do futebol, não nos contentamos em apenas organizar a Copa das Copas! Nós queremos o título!

Começamos com alguns sustos. Gol contra, em favor da Croácia no primeiro jogo, time apático contra o México no segundo, mas fomos nos acertando. Até a trave jogou a nosso favor na partida eliminatória contra o Chile, fomos salvos nos últimos segundos.

Durante o percurso fomos descobrindo nossos heróis. Aqueles jogadores que aparecem em momentos decisivos e crescem nas dificuldades. Nosso grande zagueiro e capitão Thiago Silva. O desacreditado Julio Cesar que pegou pênaltis decisivos. David Luiz, um gigante, verdadeiro guerreiro dos gramados e nossa estrela maior, Neymar. Autor de quatro gols. E mais do que isso, traz sempre com ele dois ou três marcadores adversários, liberando os demais para que tenham mais liberdade em campo.

Porém, por um momento, o Brasil ficou em silêncio. Ao subir para dividir uma bola no ar, o colombiano Zúñiga acertou Neymar com uma joelhada nas costas fraturando a maior esperança de gols da nossa seleção. Neymar fraturado. Vencemos o jogo, mas nos olhos de cada brasileiro além da alegria pela vaga na semifinal após 12 anos, era evidente a preocupação. A pergunta que qualquer criança de Norte a Sul do país se fez naquele momento foi "estamos sem Neymar, e agora?".

Muitos lembraram de 1962, quando perdemos Pelé logo no início do Mundial, mas mesmo assim conquistamos o título. Naquela ocasião tinhamos Garrincha. Dessa vez, é verdade, não temos um Garrincha. Mas temos onze brasileiros que estão demonstrando garra e disposição a cada disputa de bola. Crescendo juntos a cada jogo. Sua luta pela vitória nos faz crer que podemos superar a perda de um grande craque e conquistar esse título tão importante para o povo brasileiro.

Nesse momento, mais do que nunca na história das Copas, é hora de nos lembrarmos o que representa a nossa seleção para o povo. É hora de os onze homens que entrarem em campo sentirem a vibração que vem das arquibancadas, das grandes cidades, do interior e dos cantos mais distantes desse país. De sentirem nossa confiança através das janelas do ônibus que vai levá-los para o Mineirão amanhã. De entenderem que naquele ônibus não estão apenas grandes jogadores, estão os sonhos de milhões de brasileiros.

Temos a certeza de que lutaremos até o fim e de que é possível vencer. Todos estarão juntos amanhã na luta pelo hexa. Não somos um, não somos onze, somos quase 200 milhões e queremos a sexta estrela bordada em nossa camisa. Porque mais do que uma estrela bordada, o Hexa é a consolidação de um sonho: a conquista do título na nossa casa, o país do futebol!

*É jornalista sul-americano e editor de notícias do Portal da UJS