Reunidos em São Paulo, italianos não escondem decepção

Os italianos são conhecidos por ser um povo passional, que não esconde as emoções. Assim, era quase palpável a decepção entre os que se reuniram nesta terça-feira (24) no Circolo Italiano, localizado no Edifício Itália, um ícone no centro de São Paulo, onde a colônia é das mais representativas. Não suportaram a derrota para o Uruguai por 1 a 0, resultado que eliminou os tetracampeões do mundo pela segunda vez seguida na primeira fase de uma Copa. 

Assim que o apito decretou a eliminação, faltou espaço no elevador que levaria os torcedores de volta ao térreo, dada a rapidez com que esvaziaram o local. Ninguém ali queria rever o gol do zagueiro Godín ou acompanhar a entrevista de Luis Suárez. Alguns deixaram as cervejas na metade sobre as mesas e foram embora.

“Muito triste, lógico. Não tem como ser diferente”, afirmou Giuseppe Greco, que há três anos vive no Brasil. “Não achava que seríamos campões, mas também não esperava cair na primeira fase”, completou ele, que culpou o técnico Cesare Prandelli – o agora ex-comandante da equipe italiana, que se demitiu após a derrota desta terça.

Fé e sonho

Antes do confronto, porém, havia confiança entre os torcedores que foram ao salão do Circolo Italiano, clube fundado na segunda década do século passado. “Vai ser difícil, mas acredito na Itália”, disse Tato Sernagiotto, neto de imigrantes, que elogiou a escalação da Azzura. “São dois centroavantes, com o Balotelli e o Immobile. Boto fé”, afirmou.

Ao lado de Sernagiotto, o amigo Bryan Guglielmo sonhava com a repetição de um fato comum aos dois últimos mundiais vencidos pela Itália (1982 e 2006): a equipe desacreditada que atropelou no mata-mata para levar a taça para Roma. “Esperamos por isso”, disse, com a derrota para a Costa Rica, na segunda rodada, ainda fresca na memória. “Se não tem emoção, não é Itália”, concordou Sernagiotto.

Expulsão criticada

O clima no salão ficou morno a maior parte do tempo, porém. O 0 a 0, que colocava os europeus nas oitavas de final, se arrastou por muito tempo num jogo quase sem emoções. A coisa começou a mudar com a expulsão de Marchisio, aos 15 minutos do segundo tempo. Houve reclamações com a decisão do juiz, alguns palavrões começaram a ser ouvidos.

“Hoje não vamos ganhar”, previa Manuela Barbolan, que veio para o Brasil há um ano e estava acompanhada dos pais, que decidiram passar o período do Mundial no país. “Eu tenho um ingresso para a final, mas não creio que o time chegue lá”, contou. Pessimista, Manuela só não contava com a eliminação precoce.

A cabeçada (ou ombrada, dependendo do ângulo) certeira de Godín, aos 35 minutos da etapa final, acendeu os torcedores, que tentavam empurrar seus jogadores diante de um telão. Aplaudiram as seguidas tentativas de empatar, todas em vão, e vibraram quando Buffon tentou cumprir o papel de centroavante numa das bolas levantadas na área uruguaia nos acréscimos.

Nada disso bastou. O fiasco italiano, ao menos, serviu para engordar a torcida brasileira nessa Copa. “O árbitro sempre favoreceu o Uruguai. Um cartão amarelo para o Marchisio bastava. Mas agora vamos com o Brasil”, assumiu Giannicola Masotti. “Estou triste, mas agora vamos vibrar com a Seleção”, garantiu Manuela, que ainda espera utilizar o ingresso que tem para a decisão no Maracanã, no dia 13 de julho.

Fonte: Portal da Copa