Bolsa Família reflete o empoderamento e a independência das mulheres

Em reportagem recente, o jornal inglês The Guardian destacou o impacto do Bolsa Família nas relações de gênero. Uma das questões fundamentais do programa é a emissão do cartão, prioritariamente, em nome da mulher. Hoje elas somam 93% das titularidades.

“O benefício empodera as mulheres. É única fonte de renda em muitos dos casos, então elas estão mais independentes dos maridos, compartilham mais na tomada de decisões da casa e têm mais autoestima”, afirmou ao jornal a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. Ela destacou que muitas esposas, antes submetidas à violência doméstica, agora se sentem livres para pensar em divórcio.

O The Guardian ouviu também a socióloga Walquiria Leão Rêgo, que viajou pelo Norte e Nordeste do Brasil durante cinco anos para registrar a mudança na vida das beneficiárias que vivem nas comunidades mais patriarcais. “As mulheres ganharam mais poder sobre os seus destinos”, diz a pesquisadora. Um simples exemplo disso é que muitas, pela primeira vez na vida, puderam escolher e comprar seus próprios batons.

Maria da Paz vive com suas duas filhas na Rocinha, Rio de janeiro, e afirma orgulhosa: “Eu substituí meu marido pelo Bolsa Família. Eu o deixei, ele era agressivo e começou a bater nas crianças”.

O impacto do programa de alívio da pobreza do Brasil sobre os papéis e as relações de gênero ainda está sendo estudado e debatido, mas casos como o de Maria da Paz não são incomuns. Nem é o divórcio a única maneira com que os recursos do programa estão causando mudanças.

Segundo dados oficiais, 93% das famílias que recebem o Bolsa Família são chefiadas por mulheres. Elas recebem o cartão que lhes dá direito a retirar dinheiro do banco a cada mês. Com esse dinheiro vem um grau de poder. Os arquitetos do Bolsa Família dizem que este foi um elemento-chave na concepção do programa.

"Isso é parte da estratégia. E então cabe a elas decidirem como gastar o dinheiro", diz a ministra Tereza Campello. "Nossa pesquisa mostra que o dinheiro capacita mulheres. Em muitos casos, é a sua única fonte de renda, então isso significa que elas são menos dependentes de seus maridos, mais propensas a compartilhar na tomada de decisões. Algumas mulheres que foram obrigadas a colocar-se com os maridos que lhes batem agora se sentem liberadas o suficiente para pensar em divórcio. O dinheiro também dá às mulheres mais possibilidade de comprar e usar contraceptivos".

Fonte: Blog do Planalto e The Guardian