Senadores visitam suspeito por envolvimento na morte de coronel

Em visita oficial ao Rio de Janeiro para investigar as causas da morte do coronel Paulo Malhães, que assumiu ter participado ativamente de torturas durante a ditadura militar no Brasil, a Comissao de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal chegou a ser barrada na Delegacia de Anti-sequestro, no Leblon, zona sul da cidade.

Coronel - Daniel Marenco/Folhapress

A presidente da comissao senadora Ana Rita (PT-ES), os senadores Joao Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) chegaram às 10h para ouvir o caseiro do coronel Malhães, Rogerio Pires, um dos envolvidos no suposto assalto que teria provocado a morte do militar. No entanto, uma hora depois não tinham sido autorizados a ver o preso.

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Os parlamentares chegaram a dar declarações à imprensa criticando a Secretaria Estadual de Seguranca que não teria comunicado à delegada de plantão sobre a vinda da diligência do Senado. Mas durante a entrevista, o senador Capiberibe recebeu uma ligação informando de que a entrada da comitiva havia sido liberada.

"Fomos surpreendidos ao chegar aqui e a delegada não estar presente. E, apesar de vários contatos de nossa presidente, não obtivemos autorização para ter acesso ao preso", declarou Randolfe, antes de ter a entrada autorizada na delegacia.

Os senadores estão, no momento, dentro da Anti-sequestro, onde pretendem ouvir o caseiro. Rogerio Pires teria confessado ter participado do assalto ao sitio do coronel, em Nova Iguacu, facilitando a entrada de dois irmaos que entraram na casa.

Uma das hipóteses para a morte do coronel da ditadura é roubo seguido de morte, o que teria provocado um infarto em Malhães, segundo a guia de sepultamento. Porém, a Comissao da Verdade do Rio levanta suspeitas sobre a tese da Policia Civil e cobra participação da Policia Federal nas investigações do episódio.

"Têm questoes não esclarecidas. O coronel Brilhante Ustra publicou em site pessoal a informação da morte de Malhaes com meia hora de antecedência em relacao à imprensa e o fato de os discos rígidos dos computadores da casa terem sido levados, o que não configura assalto clássico", afirmou o presidente da CV, Wadih Damous.

Para Wadih, a confissão do caseiro não é suficiente. "Ainda que tenha sido ele de fato o assassino, achamos que ele tem outros esclarecimentos", completou.

Ao longo do dia, os senadores da Deleagacia de Direitos Humanos vão à sede da Policia Civil, onde também tratarão do caso.

Para os senadores é muito suspeita a morte do coronel depois de dar depoimento à comissao da verdade detalhando atuação dele e do regime militar na prisão e tortura de presos políticos no período.

Fonte: Agência Brasil