CDH aprova mudança do nome de ala para Luis Carlos Prestes 

A mudança do nome da ala Filinto Müller para Ala Luís Carlos Prestes avançou mais uma etapa nesta terça-feira (29), com a aprovação pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do projeto que trata do assunto. O texto, que já passou pela análise das Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Educação (CE), segue agora para a Mesa do Senado. A votação da proposta foi acompanhada pela neta de Luís Carlos Prestes, Ana Prestes. 

Ana Prestes e Ana Rita

“É simbólico que isso seja aprovado no mês que tristemente lembramos o golpe de 1964. Que nós desfilemos a nossa liberdade por alas, ruas e avenidas que levem o nome de nossos libertadores e não de nossos algozes”, disse Ana Prestes, ao agradecer a aprovação.

O projeto foi apresentado pela senadora Ana Rita (PT-ES) em 2011. Para a parlamentar, que preside a CDH, diferentemente de Müller, Prestes foi um defensor da democracia e merece a homenagem. Tanto Filinto Müller (1900-1973) quanto Luiz Carlos Prestes (1898-1990) foram senadores.

“É um reconhecimento de sua luta pela democracia durante um período tão difícil da nossa história”, disse Ana Rita.

Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), é constrangedor que o Senado tenha uma ala com o nome de Filinto Müller. João Capiberibe (PSB-AP) contou que é doloroso para ele ver o nome de um torturador estampado na Casa.

“Diariamente, para chegar ao meu gabinete, tenho que passar pela Ala Filinto Müller e diaramente eu me lembro das torturas que sofri”, disse Capiberibe.

Em seu relatório, o senador Humberto Costa (PT-PE) avaliou que o projeto assegura o direito à memória e à verdade. "Cuida-se de substituir a homenagem feita a um agente da intolerância por outra destinada a pôr em destaque um ícone da resistência à repressão" – assinalou o parlamentar.

As senadoras Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Ângela Portela (PT-RR) e o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) também elogiaram o projeto.

Luis Carlos Prestes

Luiz Carlos Prestes é considerado um dos maiores líderes comunistas da história do Brasil. Ele nasceu em Porto Alegre (RS) em 1898, formou-se em Engenharia Militar pela então Academia Militar de Realengo, no Rio de Janeiro, em 1919. Em 1924, já capitão, rebelou-se contra as oligarquias dominantes da Primeira República, em um movimento que ficou conhecido como Coluna Prestes.

Líder da Intentona Comunista – movimento para derrubada do governo Getúlio Vargas, capitaneada pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) em 1935 –, ele chegou ao Senado ao fim do Estado Novo (1937-1945) e comandou uma bancada de 14 deputados durante a Constituinte de 1946. Teve seu mandato cassado quando o PCB foi declarado ilegal.

Prestes só saiu da clandestinidade em 1979, ano da anistia durante o regime militar. O líder comunista passou então a apoiar o PDT de Leonel Brizola (1922-2004). Prestes faleceu aos 92 anos no Rio de Janeiro.

Filinto Müller

Mais conhecido por sua atuação como chefe da polícia política de Getúlio Vargas, Filinto Müller nasceu em Cuiabá, no ano de 1900. Com o fim da ditadura, foi eleito senador pela primeira vez em 1947 e exerceu mandatos por 26 anos, com apenas uma interrupção. Em 1973, assumiu a presidência da Casa, mas morreu logo depois em um desastre aéreo em Paris. Situado ideologicamente à direita, Filinto Müller colaborou ainda com o regime militar (1964-1985) e é lembrado por Ana Rita pela prática de tortura durante o governo Vargas e sua simpatia pelo nazismo.

Da Redação em Brasília
Com Agência Senado