Barbosa, FHC, Gilmar Mendes e Eduardo Campos atacam Lula

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro Gilmar Mendes e o pré-candidato da coalizão PSB-Rede-PPS, Eduardo Campos, atacaram nesta segunda-feira (28) o ex-presidente e líder petista Luiz Inácio Lula da Silva por ter afirmado em entrevista à televisão portuguesa que 80% das decisões do STF no julgamento do chamado mensalão foram políticas.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, disse por meio de nota que a "desqualificação" do tribunal é um "fato grave que merece o mais veemente repúdio". "Lamento profundamente que um ex-presidente da República tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta Corte do país", afirmou na nota Joaquim Barbosa.

Fernando Henrique Cardoso afirmou, em entrevista divulgada pelo Jornal do SBT, que Lula precisa “virar a página” em relação ao episódio, e que as declarações do líder petista são um jogo político e eleitoral.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes fez uma chacota. Classificou como "engraçado" a declaração do ex-presidente Lula sobre o julgamento da Ação Penal 470. "Como se enquadrar nesse percentual preciso de 80% e 20%. Está tudo muito engraçado", disse Mendes durante entrevista para a rádio Jovem Pan nesta segunda-feira (28). "Esta conta também é muito singular. Julgamento político em 80%, 20% jurídico. Como ele não é da área jurídica, talvez também ele esteja adotando outro critério. Porque nós não sabemos fazer esse tipo de contabilidade no âmbito do tribunal. Quais foram os votos que foram políticos e quais foram estritamente jurídicos?", questionou.

O pré-candidato da coligação PSB-Rede-PPS, Eduardo Campos, apesar de declarar com frequência que não é adversário de Lula, mas da presidenta Dilma, criticou a entrevista do ex-presidente e ressaltou que as decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) devem ser cumpridas, não discutidas. "Cem por cento da sociedade brasileira já discutiu e se posicionou sobre o mensalão. E cem por cento da [decisão da] Suprema Corte, em qualquer democracia no mundo, se cumpre, não se discute", disse o ex-governador de Pernambuco em entrevista coletiva. Segundo ele, é necessário olhar agora para o futuro, e não para o passado, para que o escândalo político não volte a ocorrer no país. "A decisão está tomada e agora é hora de olhar para o futuro, para uma nova agenda. A gente precisa prevenir para não mais no Brasil passar por situação como essa", disse.

Lula não disse nenhuma novidade. As forças progressistas, de diferentes maneiras, ao longo de todo o processo do chamado "mensalão", já tinham manifestado a mesma preocupação e opinião. É fato grave para a democracia que dirigentes políticos tenham sido condenados com base em posições políticas, sob pressão da mídia e das forças de oposição ao governo de Lula [2003-2010] e ao atual, da presidenta Dilma Rousseff. Quem fez e faz uso político e eleitoral do episódio são precisamente as figuras que desferiram nesta segunda-feira a saraivada de críticas às declarações de Lula em Portugal.

Da Redação do Vermelho, com agências