Cebrapaz: É preciso fortalecer laços entre os povos do mundo

A presidenta do Cebrapaz, Socorro Gomes, esteve em Foz do Iguaçu, no Paraná, para participar da atividade Palestina Vive, ciclo de cinema e debates em solidariedade ao povo palestino que acontece entre os dias 23 e 25. Em sua participação, relativa à mostra do filme Promessas de um mundo novo, Socorro fala sobre a necessidade da solidariedade internacional no combate ao imperialismo.

Por Mariana Serafini, do Vermelho

Socorro Gomes no Palestina Vive - Paulo Gomes

Esta já é a segunda edição do evento, que este ano foi intitulado Palestina Vive 2: Estética da Autodeterminação . A realização é fruto de uma parceria do Cebrapaz com a Comunidade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu e a Companhia de Teatro Amadeus. O idealizador é o professor Jorge Anthonio e Silva, da Universidade da Integração Latino-Americana (Unila).

A atividade consiste na mostra de três filmes, um a cada dia, seguida de debate com especialistas. No primeiro dia houve um ato político/cultural com música, dança e poesia palestinas que contou com a presença do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil.

A primeira mostra exibiu o filme O Filho do Outro. Na segunda, nesta quinta-feira (24), Socorro Gomes foi a debatedora da obra Promessas de um mundo novo. As atividades encerram nesta sexta-feira (25), com a exibição do filme Omar, seguida de debate.

Para Socorro, apesar da suavidade com que o filme retrata a questão da Palestina, o sionismo e o apartheid social estão muito presentes na obra. “O apartheid social é uma coisa que agride e ofende a todos nós”, denuncia. Ela critica o fato de Israel nunca acatar às resoluções de paz da ONU e se manter impune porque os outros países do mundo simplesmente não tomam atitudes mais enérgicas para interferir nos crimes cometidos pelo Estado sionista de Israel.

“O povo palestino tem lutado. E só tem sobrevivido por causa da sua luta. Claro que há solidariedade dos povos, mas ela ainda é muito pequena. A questão internacional não pode ser somente de Estado. Há que existir o internacionalismo popular, a solidariedade, há que se construir laços mais fortes entre os povos para pressionar os governos”.

Ela ainda defende um boicote econômico para enfraquecer o estado de Israel. Conta que recentemente houve uma feira de armas onde o país sionista aproveitou para exibir seu poder bélico, o que ela vê como uma afronta aos povos do mundo. “É inadmissível que o Estado [de Israel] use essas armas para massacrar o povo [palestino]. Tem que se fazer denúncias e boicotes”.
“O Mercosul tem uma resolução de não comprar produtos dos territórios ocupados por Israel, isso tem que ser lei. Ao negociar com Israel a gente estimula o sionismo e o apartheid. Não podemos aceitar isso”.

Socorro falou sobre o processo de ocupação do Estado Sionista que segundo, ela, o filme ilustrou muito bem. Trata-se da história de sete crianças, israelenses e palestinas, que vivem em Jerusalém, mas apesar de dividirem o mesmo território, são separadas por questões religiosas e culturais. “São crianças filhas de judeus estadunidenses, franceses, ou seja, não são desta terra, são colonos que o Estado Sionista estimulou a viverem neste território para dizimar o povo palestino”, explica.

Ela ressaltou ainda a importância do povo árabe para a cultura dos brasileiros. “Nós, brasileiros, temos muito que ver com esta luta porque o povo palestino faz parte da nossa história. Temos a ‘mamãe’ África, claro, mas se olharmos nossa literatura está cheia de escritores e poetas árabes, uma grande parte da nossa cultura é composta pela árabe. O povo palestino merece mais que nosso respeito, nossa reverência: por sua luta, sua coragem e principalmente, pela alegria de viver que nos dá muita esperança”.

A luta pelo Estado Palestino é uma responsabilidade de todos os povos do mundo que valorizam os direitos humanos e a soberania, essa foi a mensagem que Socorro deixou aos jovens participantes do Palestina Vive 2, muitos deles estudantes universitários, secundaristas e membros da comunidade árabe palestina que há anos vivem no Brasil.

“Não podemos aceitar que no século 21 ainda exista um povo sem direito à sua casa, sem o direito de sonhar. Não podemos aceitar o Estado de Israel usando sua força bruta com um discurso hipócrita apoiado pelos Estados Unidos. Todos nós sabemos: não há violência sem as digitais dos Estados Unidos. Eles querem dominar o mundo pela força e Israel é a cara do imperialismo”, encerrou e foi aplaudida em pé pelos participantes que se emocionaram com o discurso em defesa do povo palestino.

A primeira edição do Palestina Vive foi realizada em meados de abril de 2013, quando comemorava-se um ano de irmandade das cidades Foz do Iguaçu e Jericó. A ideia é fortalecer os laços com a cidade mais antiga do mundo ocidental, Jericó, devido às características parecidas dos dois territórios, mas principalmente divulgar a causa palestina no Brasil e estabelecer canais de colaboração entre os dois povos.

Devido ao sucesso da primeira edição, nesta segunda os organizadores já falam em expandir o evento para outras cidades do Brasil. A proposta é que em 2014 o Palestina Vive seja realizado também em Curitiba, São Paulo e Brasília.