Nenhum partido tem tamanho para governar só, diz senadora 

O PCdoB mantém sua linha ideológica, foram os outros partidos que mudaram para passar a acompanhar a atual composição política nacional, avalia a senadora pelo Amazonas, Vanessa Grazziotin (PCdoB-foto), que é a procuradora da Mulher no Senado e, recentemente, presidiu a CPI da Espionagem. Em entrevista ao site D24am.com, a parlamentar falou sobre sua atuação parlamentar e as eleições de 2014.

Nenhum partido tem tamanho para governar só, diz senadora

Leia a íntegra da entrevista:

Há mais de um ano, a senhora é a procuradora especial da Mulher no Senado. Quais foram as conquistas com este cargo?
Há muito tempo a gente luta para a participação da mulher nas discussões políticas, e esta não é uma luta de categoria A ou B, nem uma luta de ideologia, mas uma luta da essência da democracia. Tanto que, no Congresso, nós nos organizamos como ‘bancada feminina’, sem querer saber qual o partido da deputada ou senadora. Quero dizer que, desde que a Procuradoria foi criada no Senado a gente tem desenvolvido um volume de atividades e aprovado leis e projetos, como a aprovação de uma proposta que coloca o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na campanha de incentivo a uma maior participação da mulher na política, outra pauta é a questão do tráfico de pessoas.

Nesta semana aconteceu a entrega do relatório final da CPI da Espionagem. Quais os resultados obtidos com essa comissão?
Este foi outro grande desafio no Senado e tenho muito orgulho desta tarefa. Há algum tempo vivemos em um mundo globalizado, mas além disto, o mundo também está conectado. O poderio de uma nação, hoje, não é só relativo à riqueza, produto interno bruto, ao poderio bélico, ao tamanho do seu território. Mas, também, ao domínio da tecnologia da informação e da conexão. O ministro da Defesa Celso Amorim que, a princípio, não defendia o aumento da criação de um centro de defesa cibernética no Exército brasileiro, hoje defende a criação de um Comando próprio especializado em defesa cibernética.

A senhora acredita que quando a PEC da prorrogação da Zona Franca de Manaus chegar ao Senado terá uma tramitação mais célere do que na Câmara dos Deputados?
Geralmente, as negociações ocorrem na Casa onde os projetos iniciam e, no caso da PEC da Zona Franca, o início foi na Câmara dos Deputados. Então, lá (na Câmara) é onde vão acontecer todas as negociações. Foi lá que os deputados colocaram como pré-requisito só votar em segundo turno, depois de resolvida a questão da Lei de Informática e as áreas de livre comércio. Após a aprovação na Câmara, quando chegar ao Senado já chega ‘redondo’. Esta é a expectativa.

A visão que os parlamentares têm da Zona Franca mudou ao longo dos anos?
Eu estou em Brasília desde 1999, há 15 anos, e a diferença no tratamento que a Zona Franca tem recebido e o impacto que ela causa nos parlamentares é uma mudança da água pro vinho. Antes, a Zona Franca era estigmatizada, era sinônimo de tudo que existia de pior, eles achavam que ela só servia para subtrair recursos da União, através dos incentivos fiscais. Hoje não. A demora nesta votação não é porque os parlamentares se posicionam contra a Zona Franca, de jeito nenhum! O que eles querem é pegar carona com a Zona Franca e aprovar também a prorrogação de incentivos para outros setores, como é o caso da Lei de Informática.

Em relação à eleição deste ano, o PCdoB já definiu se caminha com o governador José Melo ou com o senador Eduardo Braga?
A gente tem debatido bastante esta questão e a conclusão a que chegamos é que vivemos ainda um quadro indefinido, se o Melo será candidato ou se será o Braga. Há possibilidade de mudanças, até porque os diálogos ainda estão acontecendo e nós estamos no Amazonas, onde tudo se resolve na última hora, não é verdade?! Na última eleição, eu não era candidata e foi um dia inteiro para me convencer a ser candidata, e eu só saí por causa do projeto de um grupo. Eu tinha sido eleita recentemente ao Senado, então, nós vamos esperar uma definição melhor do quadro para nos posicionarmos.

Nas últimas eleições, o PCdoB tem se aliado a políticos tradicionais a quem antes criticava. O que mudou, foram estes políticos ou o PCdoB?
Nós não mudamos, nós continuamos os mesmos. Desde 1989, quando houve a primeira eleição presidencial, o candidato que nós apoiamos sempre foi o Lula. Em 2002, o Lula ganhou e muitos partidos vieram para a base de apoio do PT. Nós sempre estivemos aqui, foram eles que vieram para cá e eu acho isto muito bom, é fantástico porque no Brasil ninguém governa só, nenhum partido tem o tamanho e a representatividade suficiente para governar só. O Lula ganhou e eleição e nós elegemos a Dilma depois e eles estão aqui, então o nosso projeto está sendo pioneiro. O fato é que há diferença entre nós. Trabalhamos com a política e não com as pessoas, com o que se aproxima mais com o nosso programa. Se a gente apoia e participa, hoje, do governo do Lula, da Dilma, do Omar com o Melo é porque a gente entende isto como um projeto de Brasil.