Catullo Branco: engenheiro do Brasil e militante do povo 

Um engenheiro do Brasil e militante do povo. É assim que podemos apresentar, ao leitor do Vermelho, quem foi Catullo Branco e o que significou sua obra para o desenvolvimento do país. 

Joanne Mota, para o Portal Vermelho

Como engenheiro, Catullo pensou criticamente os desafios que o Brasil teria que enfrentar para atingir o desenvolvimento econômico e social. Como militante, lutou durante sua vida por uma sociedade avançada e moderna.

Ao longo das 116 páginas de “Catullo Branco, o homem dos moinhos de vento” (foto ao lado), encontramos um resumo da trajetória desse grande brasileiro que, ao longo de sua vida, edificou uma vasta produção técnica e intelectual, da qual contabilizamos 260 mil documentos iconográficos, 10 documentos cartográficos, 2.300 arquivos audiovisuais, 1600 metros lineares de documentos textuais.

Iluminar, através de uma publicação, a vida e obra de Catullo Branco possibilita às atuais gerações conhecer suas importantes contribuições e sua visão de mundo. Desse modo, o livro evidencia a postura de um brasileiro presente nas lutas de seu povo, além de firme e consciente na defesa de seu pensamento e convicções.

 Em 1925 Catullo é aceito como membro pelo Instituto de Engenharia de São Paulo e em 1928 inicia sua vida pública, quando ingressa na Secretaria de Viação e Obras Públicas. A partir daí seus estudos e pesquisas tiveram como régua convicções nacionalistas e abriram um leque de possibilidades para um Brasil que iniciava um amplo processo de transformação.

Seus estudos deram origem a projetos pioneiros que até hoje guardam uma atualidade singular. Aqui destaco suas contribuições para o melhor uso dos nossos recursos hídricos tanto para a produção de energia como para o abastecimento, irrigação, turismo, entre outros.

Ao pesquisar as potencialidades dos recursos energéticos no país, Catullo produziu obra de vanguarda e abriu um leque de possibilidades que até hoje guardam ensinamentos fundamentais para o desenvolvimento do país.

Em 1936, levado por Tito Batini e Heitor Ferreira Lima, Catullo filia-se ao Partido Comunista do Brasil (que na época tinha como sigla PCB). Nas trincheiras partidárias, Catullo candidatou-se, em 1945, a deputado federal, mas não se elegeu.

Somente em 1947, Catullo alcança a vitória e torna-se deputado estadual de São Paulo. Porém, sua contribuição ao parlamento brasileiro seria impedida um ano depois com a cassação de seu mandato, após o Partido Comunista ser perseguido e posto na ilegalidade.

Catullo Branco discursa no evento em que recebu o título de Cidadão Emérito de Barra Bonita (SP), em 1984.

Outro destaque na trajetória de Catullo Branco se deu durante os governos de Getúlio Vargas (1951-1954) e de Juscelino Kubitscheck (1956-1961), quando participou do debate em torno da estruturação do setor energético brasileiro. Nesse período deixou claro sua defesa por um Estado forte, apoiando a formação de empresas genuinamente nacionais, como a Petrobras.

Desde que iniciou seus estudos, sempre defendeu o uso correto dos recursos naturais para o desenvolvimento do país, sendo o Estado o principal agente realizador. Um dos exemplos que podemos citar é a reestruturação da Usina de Barra Bonita em 1950. 

Catullo Branco foi um homem que sempre se posicionou, mas sem perder de vista os anseios de toda a sociedade. Ao passear pela páginas de Catullo Branco: o homem dos moinhos de vento descobri uma figura singular que assumiu seu lugar no mundo e nas lutas com um único objetivo: “construir um futuro mais digno para o Brasil e para humanidade de forma geral “ (p. 111). 

Sem sombra de dúvidas, conhecer o pensamento de Catullo Branco torna-se fundamental não só para os engenheiros do Brasil, mas para todos os que biscam entender, com maior propriedade, a luta pelo desenvolvimento do Brasil.

O livro pode ser adquirido na Fundação Energia e Saneamento de São Paulo.

Referência:

ZIOLI, Miguel; FELIX, Isabel R.; MORAES, Maria B.; LEITÃO, Alfredo M. Catullo Branco: o homem dos moinhos de vento. Fundação Energia e Saneamento: São Paulo, 2013.