Grupo Abril programa mais cortes de funcionários

Nova onda de demissões no Grupo Abril já chega à até então intocável revista Veja; depois de fechar quatro publicações e demitir cerca de 150 profissionais no ano passado, gestão dos presidentes Gianca Civita e Fábio Barbosa desembainha nome de Vicente Falconi, conhecido como consultor "mãos de tesoura" para acelerar cortes entre os 9 mil funcionários da empresa.

O nome oficial é 'reestruturação'; prejuízos comerciais, perda de influência e novo foco no setor de compra e administração de colégios de renome, Abril avança na transição para emagrecer como editora; terceira geração da família Civita corta laços com histórico da companhia.

O Grupo Abril acaba de tomar a decisão, ensaiada desde o ano passado, de emagrecer, em definitivo, como editora de revistas. Por decisão direta da dupla de comando Gianca Civita, presidente do Conselho de Administração, e Fábio Barbosa, presidente da Editora Abril, acaba de ser contratada a consultoria Instituto de Desenvolvimento Gerencial, fundada e dirigida pelo engenheiro Vicente Falconi.

Autor de livros sobre gestão e assessor de recursos humanos contratado por diferentes empresas, ele é conhecido no ramo como Falconi Mãos de Tesoura, em razão das sugestões de reestruturação que incluem profundos cortes de pessoal para darem certo.

Por coincidência, ainda, a chegada de Falconi como consultor da presidência acontece no mesmo momento em que novas demissões ocorrem na até aqui intocável revista Veja. No ano passado, dentre o fechamento de quatro títulos, fusão e reestruturação de outros dez e cerca de 150 demissões, a Veja havia sido poupada.

Ali, dez cortes ocorreram em agosto do ano passado, mas algumas dispensas tiveram caráter político. Foi o caso do correspondente da revista em Nova York, André Petry, que era visto pelo atual diretor de redação, Eurípedes Alcântara, como um sombra em sua zona de poder.

Desde que assumiu o Grupo Abril, em razão da morte de Roberto Civita, seu pai, em maio do ano passado, Giancarlo Civita, o Gianca, rapidamente definiu o rumo a seguir. Ele chegou a declarar ao jornal Valor Econômico que o mundo dos fundadores – seu avô, Victor (1907-1990), e os dois filhos – era outro, e o momento presente exigia uma companhia voltada para novos mercados além do das revistas.

Em agosto, Gianca mostrou ao que veio, promovendo cortes nas redações e acentuando a política de investir na compra de colégios de renome. Neste setor, a Abril já exibe um portfolio de dez instituições de ensino, com investimentos anuais de cerca de R$ 100 milhões no setor.

Com Falconi junto do Grupo Abril, a sinalização é a de que a área de revistas perderá ainda mais prestígio interno, passando cada vez mais a um tipo de gerenciamento em que a antiga 'mãe', como a empresa já foi chamada por muitos de seus funcionária, vira 'madrasta'.

Fonte: Brasil 247