Em Minas Gerais, mostra lembra o primeiro palhaço negro do Brasil

Até o dia 27 de abril, acontece no Teatro Oi Futuro, em Belo Horizonte, a segunda edição da Mostra Benjamim de Oliveira. Utilizando a cultura afro-brasileira como tema e elenco predominantemente negro, 14 atrações gratuitas recheiam a programação.

Benjamim de Oliveira - Reprodução

As manifestações artísticas apresentadas vão de intervenções urbanas a exibição inédita de vídeo sobre a Guarda de Congado de Belo Horizonte, espetáculos teatrais, dança, e circo. Entre eles, alguns que nunca passaram pela capital mineira, como In Conserto, da companhia Teatro Anônimo, do Rio de Janeiro. Haverá, ainda, tarde de contação de histórias folclóricas e grande encerramento com o cortejo Boi de Manta.

O cantor e compositor mineiro Maurício Tizumba é o idealizador do projeto. Para o artista, ter maioria de atores negros compondo o elenco principal dos espetáculos, “incomoda muita gente”. “Eu nunca perguntei por que sempre utilizam elenco branco. Belo Horizonte é uma cidade racista, o investimento e divulgação para a cultura negra são menores e uma mostra como essa vem para quebrar o preconceito, dar visibilidade e emprego a artistas negros”, defende o músico.

Quem foi Benjamin de Oliveira

O evento é uma homenagem a Benjamim, primeiro palhaço negro do Brasil. Filho de pais escravos, nasceu em Pará de Minas, já contemplado pela Lei Áurea. Aos 12 anos fugiu de casa com a trupe do circo Stero, que passava por sua cidade. Além de seus números de clown e acrobacias, também cantava, atuava, e escrevia – criou, inclusive, peças de grande sucesso no teatro.

No começo da carreira sofreu preconceito e rejeição, mas resistiu. O circo-teatro, modalidade que introduziu em espetáculos, teve o seu apogeu entre os anos de 1918 e 1938. Benjamin começou com paródias de operetas e contos de fadas teatralizados, chegando à apresentação de peças de Shakespeare e representação de Cristo, na Semana Santa. A versatilidade do artista fez com que sua obra marcasse uma revolução no circo brasileiro.

Fonte: Brasil de Fato