Senador Inácio defende Petrobras e critica o império do mercado 

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) defendeu, nesta terça-feira (15), durante depoimento da presidenta da Petrobras, Graça Foster, no Senado, os investimentos que a empresa faz, a partir de decisões políticas desenvolvimentistas. 

Segundo ele, se as decisões fossem tomadas apenas pela lógica do “mercado” – “esse famoso mercado, que respira, que dá opinião, que deixa a gente nervoso” – jamais se faria investimentos no Ceará, Maranhão ou Amazonas, citando como exemplo as refinarias nos dois primeiros estados e o gasoduto que transporta o gás de Urucu para Manaus.

O parlamentar cumprimentou Graça Foster pela “iniciativa da Petrobras de ter lançado aos mares novamente o Dragão do Mar. O Dragão do Mar foi responsável pela abolição da escravatura no meu Estado, e ontem recebeu uma grande homenagem dessa que é a maior companhia brasileira”, disse o parlamentar.

A Petrobras batizou um de seus navios, que fez viagem inaugural no dia 14, com o nome do cearense Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, líder dos jangadeiros nas lutas abolicionistas. Ele fechou o Porto de Fortaleza para impedir o embarque de escravos para outras províncias. Quando alguma embarcação dirigia-se ao Porto do Mucuripe, ele barrava a passagem com sua jangada e comunicava o rompimento do tráfego negreiro no Estado.

“Quem decidiu fazer esse navio no Brasil não foi o mercado! Mercado não faz navio! Mercado não faz refinaria! Mercado não faz gasoduto! Mercado não explora pré-sal! Mercado não faz partilha! Isso foi decisão da política”, explica o senador, para quem “temos que cumprimentar a Petrobras pela eficiência dos seus técnicos, formados a partir da decisão política do povo brasileiro, do Parlamento nacional e de seus governos”, reforçou Inácio.

Defendendo a Petrobras dos ataques que vem sofrendo, com fins eleitoreiros, Inácio lembrou que “em todos os períodos da história, ela (a empresa) esteve no centro das tormentas. Não houve uma batalha política de maior monta no País, desde a fundação da Petrobras, e um pouco antes, na batalha de constituí-la, em que a questão do petróleo e do gás no Brasil não estivesse no centro do debate político, do enfrentamento entre governo e oposição”.

Ele lembrou que na oposição, “nós brigamos pela Petrobras, quando ela estava sendo depreciada, quando o número de seus servidores caiu de 60 mil para 30 mil, e ela não contratou durante dez anos. Quando ela investia uma soma que aos nossos olhos pode ser considerada, hoje, ridícula, de R$3 bilhões. Hoje ela investe R$70 bilhões por ano! De R$3 bilhões, em 2002, para R$72 bilhões, em 2014!”

Segundo o senador, essas questões têm grande peso do ponto de vista político para se entender a batalha que se trava em torno da Petrobras. Inácio lembra a batalha política que agora no governo, foi enfrentada para mudar o modelo de exploração do petróleo.

“Vamos explorar por meio de concessão, ou vamos trabalhar com um modelo que é mais pertinente para o grau de eficácia que tem ao se fazer a exploração numa área de acerto de quase 100%? Ora, é claro que isso tinha que mudar”, conta Inácio Arruda, destacando que a empresa e seus técnicos foram ouvidos, mas que a decisão final foi política e enfrentou grande resistência da oposição.

“Essa foi uma decisão política que nós adotamos. A Petrobras participou disso, deu opinião etc, mas a decisão seria política. Claro que isso cria determinadas dificuldades momentâneas, porque é preciso endividar a companhia. Mas há um endividamento que é positivo, que é necessário, que é importante, porque vai trazer resultados muito significativos para o País, em perspectiva. Essas questões precisam ser colocadas no centro do debate, porque essa é a questão fundamental”, avalia o senador.

De Brasília
Márcia Xavier