Dilma se emociona ao lembrar a volta de exilados ao país

A presidenta Dilma Rousseff se emocionou nesta quarta-feira (2) no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, ao citar o Samba do Avião, de Tom Jobim. Dilma participou de assinatura da concessão do aeroporto. Ao falar da música de Jobim, que retrata a chegada ao Rio de avião, a presidenta lembrou dos exilados políticos da ditadura.

Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de assinatura do contrato de concessão do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim – Galeão. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

"O Samba do Avião descreve a chegada ao Brasil, em especial ao Galeão, dos brasileiros que voltavam ao Brasil, após a anistia […] É uma síntese perfeita do que é a saudade do Brasil, a lembrança do Brasil, e melhor de tudo, voltar ao Brasil chegando ao Galeão", disse Dilma.

Nesse momento, os olhos de Dilma marejaram, sua voz ficou embargada e ela teve de interromper o discurso para tomar água. "Desculpem a emoção, mas de fato eu tenho certeza, em uma homenagem aos exilados, que as almas cantaram."

Dilma Rousseff foi guerrilheira durante a ditadura e lutou no combate ao regime. Na época, a presidenta chegou a ser presa e torturada pelos militares.

Ela recitou três trechos da música. O primeiro foi: "Minha alma canta / Vejo o Rio de Janeiro /Estou morrendo de saudades". O segundo foi: "Rio de sol, de céu, de mar / Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão". E o terceiro foi: "Aperte o cinto, vamos chegar/ Água brilhando, olha a pista chegando E vamos nós / Pousar".

Democratização do transporte aéreo

A presidenta Dilma Rousseff afirmou que a ascensão de milhões de pessoas à classe média e o aumento do poder de compra da população democratizou o transporte aéreo no Brasil. A presidenta disse que os aeroportos têm que ser tratados como locais de transporte de massa e não de uma camada de privilegiados.

“O Brasil mudou, mais pessoas entraram na classe média (…) uma quantidade imensa de pessoas nunca tinham utilizado esse meio de transporte para os quais antigamente as pessoas se vestiam, se arrumavam para ir no avião. Hoje é um meio de transporte do povo brasileiro e exige de nós sempre um nível de tratamento de um aeroporto que passou a ser transporte de massa e não de uma camada de privilegiados. É para isso que estamos fazendo concessão”.

Com a concessão do Galeão, estão previstos investimentos de R$ 5,65 bilhões, aplicados em 26 novas pontes de embarque e desembarque, 2.640 vagas de estacionamento, ampliação do pátio de aeronaves e construção de sistema de pistas independentes.

“Entre 2006 e 2013, o número de passageiros por ano no Galeão passou de 9 milhões para 17,1 milhões, um crescimento de 10% ao ano. Significa uma pressão por oferta de maior qualidade, daí porque nós começamos já a executar algumas obras (…) daí porque, dentro da política de concessão os aeroportos se destacaram, Galeão, Confins, nessa última etapa, mas também, o de Brasília e os dois de São Paulo, Viracopos e Guarulhos, além do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Esses seis fazem parte do processos de concessão, resposta ao desafio de transformar radicalmente as condições de funcionamento do aeroporto”.

Concessão

O consórcio Aeroporto do Futuro, formado pelas empresas Odebrechet e Changi, assumirão a administração por 25 anos, prorrogáveis por até mais cinco. O leilão foi feito em novembro de 2013, e o grupo o arrematou em um lance de R$ 19 bilhões.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o contrato exige que a concessionária construa 26 pontes de embarque e amplie o pátio de aeronaves até 30 de abril de 2016, construa estacionamento com capacidade mínima para 1.850 veículos até o fim de 2015 e adeque as instalações para o armazenamento de carga (até os Jogos Olímpicos de 2016).

Apesar da concessão, continua a cargo da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária a conclusão das obras que já estão em licitação, já foram contratadas e estão em andamento. Assim, cabe à empresa pública, entre outras ações, ampliar o terminal de aviação geral, reformar e ampliar o Terminal de Passageiros 1, a pista de pouso e o pátio de aeronaves, além de adquirir mobiliário para o terminal de passageiros.

Dilma visita as obras da Estação São Conrado do metrô carioca. Com investimentos do governo estadual, parte do financiamento para a Linha 4 do metrô conta com aportes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. De acordo com informações do banco, R$ 4,3 bilhões foram emprestados para o projeto, cerca da metade do custo do empreendimento.

A inauguração está prevista para 2016 e o trecho que liga a Barra da Tijuca (zona oeste) a Ipanema (zona sul) pretende transportar 300 mil pessoas diariamente. A nova linha terá seis novas estações e 16 quilômetros de extensão.

Após a visita, Dilma retorna a Brasília, com previsão de chegada às 14h20. No Palácio do Planalto, ela recebe o ministro Felix Fischer, presidente do Superior Tribunal de Justiça. Depois, se reúne com Luiza Trajano, presidenta do Magazine Luiza e vice-presidenta do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo.

O Samba do Avião, música de Tom Jobim:

 

Com agências