Comissão de SP pede que governo reconheça assassinato de JK

A Comissão Municipal da Verdade de São Paulo enviou, nesta quinta-feira (6), um ofício à presidente da República, Dilma Rousseff, em que pede o reconhecimento oficial de que o ex-presidente da República Juscelino Kubitschek e seu motorista, Geraldo Ribeiro, foram assassinados em 22 de agosto de 1976.

Comissão de SP pede que Dilma reconheça assassinato de JK

Kubitscheck morreu em um "acidente" automobilístico na rodovia presidente Dutra. Relatório da comissão considera nula a causa da morte oficial, justamente a que aponta para acidente de trânsito, em uma viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro.

O ex-presidente morreu junto com seu motorista, Geraldo Ribeiro, cerca de dois minutos e meio após ambos entrarem em um Opala. Os dois saíram do hotel-fazenda Villa-Forte, de propriedade do então brigadeiro Newton Junqueira Villa-Forte, um dos criadores do SNI.

Em uma perícia realizada nas duas ossadas, em 1996, médicos legistas encontraram um objeto metálico no crânio de Geraldo Ribeiro. À época foi identificado como o fragmento de um prego do próprio caixão. O legista que analisou o crânio contou à Comissão da Verdade que ficou surpreso com a informação, semanas depois da exumação dos restos mortais de Ribeiro, de que o crânio já estaria esfarelado no momento da exumação, o que impediria qualquer constatação de furo provocado por tiro.

O ofício – que tem 103 indícios, evidências, provas e testemunhos que levaram a Comissão Municipal da Verdade a declarar o assassinato de JK – foi entregue também ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa; o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros; o procurador-geral da República, Rodrigo Janot; e também o coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro Dallari.

O relatório também foi encaminhado aos procuradores da República de Volta Redonda e de Resende, Paulo Gomes Ferreira Filho e Luciana Fernandes Portal Lima Gadelha, respectivamente, que abriram inquéritos civis públicos após tomarem conhecimento das investigações sobre a morte de Juscelino conduzidas pela Comissão Municipal da Verdade.

"Juscelino Kubitschek não perdeu a vida num simples acidente de trânsito, conforme alegaram as autoridades do período militar com base em perícias feitas em 1976 e mesmo as que vieram depois. (…) JK foi vítima de conspiração, complô e atentado político ", afirmou o presidente da Comissão Municipal da Verdade Gilberto Natalini. "Agora, queremos que as autoridades federais proclamem oficialmente o assassinato de JK, para que possamos alterar de uma vez por todas essa página vergonhosa de nossa história.”

Fonte: Portal Terra