USA Today: Espionagem grampeou telefones nos EUA a mando de Bush

Uma das agências secretas dos Estados Unidos coletou informações a respeito de ligações telefônicas de dezenas de milhões de americanos, segundo informações publicadas hoje (12/5) pelo jornal US

O jornal americano afirma que as três maiores companhias telefônicas dos Estados Unidos entregam registros de telefonemas para a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) desde 2001. O chefe da administração americana, George W. Bush, se recusou a confirmar ou negar a existência do programa.

O presidente americano afirmou que deu permissão para a coleta de informações logo depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, acrescentando que estas atividades ocorreram "de acordo com a lei".

Maior banco de dados
"Nossas atividades secretas tem como alvo estritamente a al-Qaida e seus associados conhecidos", desconversou Bush, em uma declaração emitida pela Casa Branca logo depois que o jornal divulgou a informação. "A privacidade de americanos comuns está protegida. Não estamos explorando a vida particular de milhões de americanos inocentes", alega a declaração.

O jornal USA Today afirmou que o governo obteve registros, mas não informa se o governo ouviu as ligações. Segundo o jornal, uma fonte não identificada teria afirmado que a NSA usou as informações para construir o "maior banco de dados já elaborado no mundo".

Senadores americanos afirmaram que vão mandar as companhias telefônicas citadas prestarem depoimento a respeito no Congresso. Patrick Leahy, senador do Partido Democrata no Comitê Judiciário do Senado, reagiu ao relatório exibindo o jornal em uma reunião do comitê. "Precisamos saber o que nosso governo está fazendo para espionar os americanos", disse.
"É ilegal"

Senadores republicanos reagiram à denúncia de Leahy acusando-o de "exagerado", tentando alegar que não existiram escutas telefônicas, mas "apenas" a criação de um banco de dados para "analisar" padrões de ligações telefônicas.

Advogados consultados pelo jornal discordam da suposta autoridade que o governo teria para exigir as informações que estaria reunindo. "Estou certo de que, se for verdade, é ilegal", disse o professor Michael Greenberger, da Universidade de Direito de Maryland. A lei americana de comunicações, de 1934, proíbe que companhias liberem informações a respeito de ligações, exemplificou o professor.

As três companhias telefônicas citadas, AT&T, Verizon e BellSouth, foram consultadas e, como esperado, disseram ao USA Today que não não teriam cometido crime. Essas companhias atendem mais de 200 milhões de clientes — em um país com 294 milhões de habitantes. Uma quarta empresa, Qwest, teria se recusado a participar do grampo governamental.

Um grupo de defesa das liberdades civis, a Fundação Fronteira Eletrônicas, em abril entrou com um processo contra a AT&T, depois que um ex-funcionário da companhia denunciou a empresa por envolvimento com a escuta ilegal promovida pela administração Bush.

Chefão da CIA envolvido

O general Michael Hayden, que liderava a NSA quando teria sido lançada a escuta ilegal, foi nomeado esta semana como novo diretor da CIA e deve enfrentar a sabatina de confirmação do Senado americano em breve.

A senadora democrata Dianne Feinstein alertou que as últimas denúncias podem "apresentar um crescente obstáculo à confirmação". A porta-voz da Casa Branca Dana Perino disse que o presidente George W. Bush vai insistir na nomeação.