Waldemar de Souza: às ruas e urnas por reformas estruturais

Durante o 13º Congresso do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – realizado entre os dias 14 a 16 de novembro, no Anhembi, em São Paulo – Waldemar de Souza*, presidente do PCdoB da cidade do Rio de Janeiro baseou sua intervenção na luta pelas reformas estruturantes e democráticas, na perspectiva do novo projeto nacional de desenvolvimento.

Leia abaixo a íntegra da intervenção:

Saúdo as delegadas e os delegados ao 13º Congresso em nome da camarada Jandira Feghali, futura governadora do Rio de Janeiro. Apoio o informe político e o projeto de resolução apresentado pelo presidente Renato Rabelo. Vou comentar um ponto do projeto de resolução que despertou em mim grande interesse, desde as assembleias de base. Trata-se da chamada “tarefa política central do momento” indicada pelo projeto de resolução, qual seja: “a de mobilização em apoio ao governo para a realização das reformas estruturais”, na perspectiva do novo projeto nacional de desenvolvimento.

Esta mobilização seria fruto do êxito da constituição do bloco de afinidades de esquerda, conformado em torno bandeiras apresentadas pelo projeto de resolução, tais como: reforma política democrática; reforma democrática da mídia; reforma agrária; reforma tributaria progressiva; reforma cambial e monetária, a fim de propiciar forte elevação dos investimentos públicos e privados, essencial ao pleno desenvolvimento do país; entre outras.

No projeto de resolução do 13º Congresso não se usa palavras em vão. Ao dizer “tarefa política central”, diz se tratar de tarefa das mais relevantes. E, se afirma que é “tarefa do momento”, alerta que é urgente! Alem disso, a construção dessa grande “mobilização” não está dada.
Portanto, transformá-la em força política material; concretizá-la na realidade das ruas e das urnas é um desafio, a fim de, impulsionar e conquistar as mudanças profundas reclamadas pelos trabalhadores e necessárias ao progresso da Nação.

De fato, em algumas assembleias de base que participei, militantes expressaram dúvidas quanto à viabilidade dessa “saída política”, diante do tamanho diminuto de nossa bancada parlamentar e do estagio ainda incipiente CTB (em processo de fortalecimento). Como poderíamos, de fato, concretizar um efetivo e influente bloco de esquerda para além da mera vontade?

O projeto de resolução apresenta ampla fundamentação quanto à viabilidade dessa ideia política. A convicção quanto à possibilidade de implementação desta “tarefa” decorre das mobilizações de junho que pautaram mudanças estruturais; dos êxitos obtidos pelos 10 anos de governos Lula e Dilma (que conferem autoridade política para nosso campo avançar nas mudanças); e, na grave crise do capitalismo, que, contraditoriamente (referida no projeto de resolução como “oportunidade histórica rara”), abre oportunidade para países como o Brasil descortinarem alternativas avançadas frente a problemas econômicos, sociais e políticos, no interesse dos trabalhadores e da Nação.

Portanto, impõe-se o desafio de ganhar a nossa militância para a justeza da orientação política de “mobilizar em apoio ao governo para realizar as reformas estruturais”. Alem disso, será preciso criatividade para desdobrá-la em cada realidade particular desse imenso e diverso país; em cada frente de acumulação e em cada luta. Na luta pela Reforma Política democrática temos um belo exemplo, processado recentemente, com atuação direta do presidente Renato Rabelo, fruto do qual passamos a integrar a Coalizão democrática junto com OAB, UNE, CNBB e mais 33 organizações, que defende financiamento publico (fora as empresas) de campanha eleitoral e voto em listas.

Por outro lado, deixamos de tirar todo o proveito numa jornada para ampliar os investimentos e acelerar o desenvolvimento do país, que foi o processo do leilão de libra. Houve certa confusão em entidades que participamos. Explicita-se a necessidade de não subestimar o debate de ideias em cada frente de acumulação e em cada luta, no sentido de traduzir adequadamente o discurso nacional pelas reformas estruturais.

Vamos construir efetivamente a “mobilização em apoio ao governo para realizar as reformas estruturais”!

Viva o 13º Congresso do PCdoB!

*Waldemar de Souza foi delegado no Congresso pelo Rio de Janeiro, cidade pela qual é presidente do PCdoB.