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Músico americano foi espionado por 'inclinações comunistas'

Considerado um dos maiores compiladores de canções tradicionais do século 20, Alan Lomax (1915-2002) passou metade da vida sob estrita vigilância. O MI5, serviço de inteligência britânico, espionou o músico americano alegando “suspeitas de inclinações com

A informação, publicada nesta segunda-feira (3), consta dos documentos do Arquivo Nacional. Os papéis evidenciam como a Seção Especial da Scotland Yard (polícia britânica) vasculhou um a um os programas da rede de televisão britânica BBC dos quais Lomax participou em meados do século passado.


 


Escapando da “caça às bruxas” contra o comunismo lançada nos anos 1950 pelo reacionário senador Joseph McCarthy, Lomax emigrou para o Reino Unido, onde participou por várias vezes como convidado no programa Song Hunter.


 


Durante aqueles anos, o reconhecido etnomusicólogo estabeleceu contatos com correspondentes da imprensa húngara em Londres – o que levantou as suspeitas entre os serviços de segurança britânicos. Em dezembro de 1951, o MI5 chegou a informar a BBC sobre o encontro.


 


O mesmo relatório revelou que finalmente foi reconhecido que o interesse de Lomax pelo folclore internacional talvez não significasse “objetivos sinistros” – mas que, “apesar de tudo”, a BBC poderia estar interessada em conhecer estes detalhes.


 


Outro relatório do serviço especial de espionagem informou que, em um dos programas televisivos de que Lomax participou, foi acompanhado de um cantor gaélico (idioma celta) e um guitarrista de Trinidad – ambos famosos por terem tocado em shows organizados por comunistas.


 


Também despertou alerta a participação de Lomax como apresentador de uma edição do mesmo programa sobre a música folk das regiões mineradoras de Clyde Valley, Tyneside e do Sul de Gales.


 


“O tom geral de suas canções era um retrato das péssimas condições e da opressão geral da indústria mineradora durante a primeira metade do século”, dizia um dos arquivos secretos publicados nesta segunda.


 


Nos documentos da Seção Especial da Scotland Yard também constava que, em julho de 1953, “uma fonte considerada de confiança declarou que se dizia que Lomax era um comunista convicto e que se dava bem com o Partido”.