ONU faz reunião emergencial sobre República Democrática do Congo

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) realiza uma reunião de emergência, nesta segunda-feira (28), para discutir a nova onda de confrontos no leste da República Democrática do Congo. A convocatória foi impulsionada pela notícia da morte de um soldado das tropas de manutenção da paz e a descoberta de duas covas coletivas.

M23 República Democrática do Congo - AFP

A Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco) declarou que um oficial da Tanzânia foi morto em Kiwanja, região do leste do país, neste domingo (27).

No local, as tropas da missão de paz tinham se unido ao Exército congolês no combate aos rebeldes do grupo M23, denominado também de Congresso Nacional para a Defesa do Povo. O confronto havia reacendido na sexta-feira (25).

Uma “investigação internacional” foi pedida por Julien Paluku, governador da província de Kivu do Norte, cuja capital, Goma, foi um ponto central de confronto entre as tropas congolesas e o M23. De acordo com Paluku, as tropas do Exército foram instruídas a não tocar nos corpos encontrados nas valas comuns.

A França convocou uma reunião de emergência entre os 15 membros do Conselho de Segurança para discutir a recente crise na região conturbada. O M23, assim denominado devido a um acordo de paz assinado com o governo, em 23 de março de 2009 (renegado em abril pelos rebeldes), disseram que se retiraram sem combates, e que se recusavam a lutar em Kiwanja.

Em um comunicado, o grupo também ameaçou retirar-se das conversações de paz já estagnadas com o governo congolês, a menos que houvesse uma “cessação imediata de todas as hostilidades”.

Escalada das tensões

No fim de agosto, a Monusco se fez presente também na região de Kibumba, 25 quilômetros ao norte de Goma. Há cerca de uma semana, as conversações de paz realizadas em Uganda foram suspensas.

Desde então, a ONU enviou uma brigada especial de 3.000 tropas africanas (da Tanzânia, do Malaui e da África do Sul) com um mandato de ofensiva sem precedentes, mas observadores continuam preocupados com uma escalada que poderia envolver toda a região.

O chefe das comunicações do M23, Amani Kabasha emitiu um comunicado em que afirma que o grupo planeja uma contraofensiva abrangente contra “todas as posições do inimigo”, caso seja atacado.

O grupo pertence à minoria étnica dos tutsis, que têm ligações diretas com o país vizinho, Ruanda, e o governo congolês acusa o país de prestar apoio aos rebeldes. A rebelião teve início em abril de 2012, por questões administrativas do Exército congolês, segundo o grupo.

Por outro lado, o governo congolês e analistas políticos dizem que a eclosão da violência foi causada pela pressão para a prisão do líder Bosco Ntaganda, a pedido do Tribunal Penal Internacional (TPI), sob as acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.  Ntaganda entregou-se à Embaixada dos Estados Unidos no Ruanda, no começo do ano, e foi extraditado para Haia, na Holanda, onde fica o TPI.

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho