Sem categoria

Jose Carlos Costa: O resgate da cultura comunista na atualidade

Tentarei contribuir para o Congresso, buscando uma abordagem que nos remeta a reflexão, e/ou autocrítica sobre nossa nobre participação ou apoio enquanto Partido, aos atuais governos populares e o caráter científico, revolucionário da teoria marxista-leninista, referência do PCdoB, como partido de luta, ação, internacionalista, ou seja, historicamente revolucionário, já na sua origem.
Por Jose Carlos (Zedotoko Costa)*

Creio ser relevante a atuação do PCdoB no governo, assim como os demais partidos, no que tange, sobretudo, a governabilidade do país. Porém, entendo que o PCdoB não se compara a nenhum desses partidos, não querendo aqui os desqualificar ideologicamente falando.

Portanto, penso que o Partido deveria rever sua aliança com o governo, buscando preservar o caráter revolucionário, de luta, etc. supracitado, que fazem parte de sua história, pois, as políticas reformistas de mercado estabelecidas são antagônicas ao marxismo-leninismo.

Ora o marxismo já afirmara, que: a economia determina a política. Argumenta que, em última instância, é o mercado mundial que determina a política em qualquer área do mundo e, portanto a vida política dos Estados.

Também, que a pluralidade dos grupos capitalistas reflete-se no pluralismo político e aos vários centros do poder econômico corresponde a uma variedade de posições políticas. A democracia como sistema específico político permeia e autoriza o modo de produção capitalista. É, nesse sentido, é o melhor invólucro, o mais funcional, mecanismo de expressão dos interesses econômicos, dos grupos da classe dominante, em vontades e decisões políticas, e em resultados.

E por falar em classe dominante, Marx também dizia em O Capital:

Só existem dois pontos de partida: o capitalista e o operário. Todas as demais categorias de pessoas, ou recebem dinheiro por seus serviços, dessas duas classes, ou então, são coproprietários da mais-valia em forma de rendas, juros, etc.”

Havendo, portanto, apenas duas forças políticas, a capitalista e a operária. Mas uma vez que existem frações de classe correspondentes à troca dinheiro-serviço, e as formas de propriedade da mais-valia ocorrem o fracionamento das forças políticas fundamentais. Temos a pluralidade das correntes políticas. Nesse sentido, todo partido leva água para seu moinho. Quem não fizer isso, a levará para os moinhos dos outros.

Ainda sobre classe dominante, nos cabe analisar a carta de Marx, de março de 1852, onde está escrito:

O que fiz de novo foi demonstrar: 1) que a existência de classes está ligada apenas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção; 2) que a luta de classes leva necessariamente, à ditadura do proletariado; 3) que esta ditadura em si mesma apenas constitui a transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes”.

Diante do exposto como discutir equidade na saúde, na educação, alimentação, medicamentos, sustentabilidade? Sabemos que é o mercado financeiro que estabelece a política de Estado a ser seguida e que o que prevalece, no final, é a mais-valia, e não o “bem-estar” da sociedade que faz a diferença: Ou seja, gera o tão desejado lucro.

Como pautar o povo por mais participação nas decisões de governo se estamos diante de um congresso viciado, cujo, único compromisso, com exceção de poucos engajados, ideologicamente, é com a burguesia empresarial, nacional e transnacional, banqueiros, etc. Ou seja, com a atual política imperialista, nacional e multinacional.

Poucos teriam competência para realizar debate de um projeto Brasil, a curto médio e longo prazo, com participação popular.

Quanto ao parlamento, ainda convém ressaltar, não nos iludamos, a tendência é piorar, no que diz respeito, a qualidade dos congressistas, em sua grande maioria, despreparada, intelectualmente, e com isso a reforma política, e a democratização da mídia não passa, apenas, de uma ideia, ninguém quer discutir entre si, e nem tampouco com a sociedade, sobretudo, os oportunistas, os reformistas, travestidos de representantes do povo.

E como invertermos esta lógica estrutural?

Só através das ações efetivas do PCdoB, e como o partido já tem construído um novo projeto de desenvolvimento nacional, por que não incluirmos propostas revolucionárias, apontando para uma nova ordem estrutural, onde o Estado é que estabelecerá a política, a ser seguida, buscando ser mais contundente, polêmico, ousado, e assim ser ouvido pelos demais aliados, debater junto a classe política, e, sobretudo, com a população viabilizando o seu projeto

Contudo, após o período da Globalização econômica mundial, as tão promulgadas teorias marxistas, que em tese é a meta do comunismo que apregoamos, teve que balizar-se à pressão do capital.

Culturalmente, todos os segmentos de esquerda deixaram de estabelecer junto a sociedade brasileira suas preocupações com a formação política, e com a cultura comunista.

Tudo foi diluído em ações de associação ao Governo, e desta forma, a nossa identidade cultural, o vermelho de nossa bandeira confluíram aos vermelhos trabalhistas do partido governante.

Somos parceiros, mas não devemos ser absorvidos sem discussão profunda de todos os pontos convergentes e divergentes nessa relação.

Por mais difícil que seja para nós, o resgate de nossa própria história é necessário, e fundamental para aclarar a nossa atuação pública.

Do contrário, soaria no mínimo esquizofrênico o modelo de poder que servimos e ajudamos a construir, do qual realmente ambicionamos implantar neste país.

Proletários do mundo inteiro, uni-vos!

*Jose Carlos (Zedotoko Costa) é Militante do PCdoB-RJ.