Jornalistas israelenses apoiam palestinos por liberdade de acesso

Jornalistas palestinos publicaram uma petição com o objetivo de pressionar Israel a garantir-lhes completa liberdade de movimento e de acesso, para que possam fazer o trabalho deles, da mesma forma que as autoridades permitem aos jornalistas israelenses trabalharem livremente em Israel e na Palestina. A revista eletrônica israelense +972 apoia a petição e convoca seus colegas israelenses e internacionais a fazerem o mesmo.

Jornalista palestino - IMEMC

Por mais de uma década, Israel colocou obstáculos graves no caminho dos jornalistas palestinos, frequentemente impedindo-os de cobrir acontecimentos no próprio território palestino, e algumas vezes colocando as suas vidas em risco.

Logo após o início da Segunda Intifada [o levante popular palestino], em 2000, o Escritório de Imprensa do Governo israelense (GPO) parou de emitir credenciais para jornalistas palestinos, muitos dos quais eram funcionários veteranos de veículos de comunicação internacionais.

Os cartões do GPO permite aos jornalistas passar mais facilmente pelos postos de controle militar [espalhados por toda a Palestina e Israel] e ganhar acesso a coletivas de imprensa e outros eventos anunciados pelo governo e por oficiais do Exército. Mais importante, eles oferecem proteção em zonas de conflito e durante os confrontos entre forças securitárias e os civis.

Os jornalistas palestinos recebem uma acreditação oficial do Ministério de Informação Palestino. Israel, entretanto, não reconhece essas credenciais. Jornalistas palestinos não conseguem passar pelos postos de controle israelenses, não têm acesso aos eventos de imprensa oficiais e são sujeitos à violência Estatal de uma forma que os jornalistas israelenses não estão. Eles têm acesso amplo, viajam livremente entre o Muqata e o Knesset [sede do governo palestino e o parlamento israelense, respectivamente].

Os jornalistas palestinos são rotineiramente maltratados, espancados, detidos e até alvos de tiros disparados pelos soldados israelenses, e depois são impedidos de exercer o seu direito ao devido processo legal, em cortes civis.

Para jornalistas palestinos freelance e aqueles trabalhando para organizações de notícias internacionais, as oportunidades de emprego são frequentemente perdidas porque são impedidos de cobrir eventos e entrevistar oficiais.

Mesmo dentro da Cisjordânia [território palestino], a sua liberdade de movimento é restrita. Além disso, não podem entrar em Jerusalém Leste [idem] ou viajar para Gaza [idem], onde mora o seu próprio povo.

Como o ocupante e soberano de facto, o Exército israelense e seus comandantes políticos civis tomam decisões que afetam diretamente o cotidiano dos palestinos. Mas os jornalistas palestinos não recebem acesso ao relatório sobre tais decisões, eventos, personalidades políticas e à sociedade por trás delas. O resultado é uma falta de liberdade de informação perturbadora.

A descriminação além da barreira é inaceitável, mesmo quando Estados reservam a si mesmos o direito de determinar quem pode entrar em seu território, baseados em considerações securitárias. Todos os jornalistas residindo e reportando sobre os eventos que ocorrem no território controlado por Israel deveriam ter os mesmos direitos humanos e profissionais.

Por isso nós, da +972 Magazine, pedimos às autoridades israelenses para garantirem aos jornalistas palestinos a mesma liberdade de movimento, acesso e proteção dada aos repórteres israelenses, em acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e a Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Descriminação Racial.

Nos colocamos em completa e inequívoca solidariedade com os nossos colegas palestinos, e apoiamos a petição deles, que exige a possibilidade de viajar livremente para trabalharem como jornalistas. Convocamos todas as organizações noticiosas, israelenses e internacionais, e os jornalistas, a fazerem o mesmo.

Liberdade de imprensa, liberdade de movimento, liberdade de informação e liberdade da ocupação são indissociáveis, componentes vitais da luta pela democracia, paz e direitos civis e humanos. Estes são os princípios de que nós somos incapazes e nos recusamos a abdicar.

Fonte: +972 Magazine
Tradução: Moara Crivelente, da redação do Vermelho