Evo apóia Humala à presidência do Peru

A inauguração de um centro oftalmológico da Operação Milagre no santuário de Copacabana no lago boliviano de Titicaca, na fronteira com o Peru, foi cenário para um encontro entre o presidente da Bolívia, Evo Morales, e o c

O centro oftalmológico de Copacabana, equipado e atendido por médicos cubanos, também dará tratamento aos indígenas do outro lado da fronteira, a pedido do presidente Morales, "porque somos todos aimaras" e pela necessidade dessa especialidade médica na região do altiplano, onde a forte radiação solar provoca um alto índice de catarata entre seus habitantes.

No discurso de inauguração do centro médico, o presidente Morales destacou a ajuda cubana, "que chega sem nenhum condicionamento", diferentemente de outros países, "que usam seu dinheiro para matar, para humilhar sob o pretexto de narcotráfico e terrorismo", e aproveitou para reiterar as denúncias de conspiração contra seu governo.

"Do exterior querem conspirar contra nosso governo, contra a democracia. Não aceitam índios, os indígenas que nacionalizamos os hidrocarbonetos", disse, acrescentando que "se houver uma conspiração, vamos nos defender". Em seguida perguntou aos participantes: "Ou vamos permitir que as transnacionais continuem governando com os neoliberais?"

 

Comunidade Andina

 

Evo e Humala concordaram, na entrevista coletiva ao fim da reunião, na urgência de defender a CAN como instrumento de desenvolvimento socioeconômico para a região andina, mas fundamentalmente do progresso dos setores indígenas, que são os mais pobres. O líder boliviano expressou também sua inquietação pelo fato de o atual presidente peruano, Alejandro Toledo, ter assinado um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os EUA.

 

A assinatura dos TLC por Peru e Colômbia foram motivo do recente anúncio do presidente Hugo Chávez de retirada da Venezuela da comunidade.

Humala, que disputará o segundo turno com o ex-presidente Alan García, considerou que o Parlamento peruano não deverá aprovar esse documento antes que seja revisado, "porque temos a percepção de que somente abre nossos mercados" e não dá a mesma possibilidade para a indústria local ter acesso a outros mercados.

"Nos sentimos abandonados por esse irmão maior [Toledo], que deveria estar nos ensinando a defender os povos indígenas", disse por sua vez Morales. Ele lembrou que em Santiago do Chile, onde se encontraram na posse da presidente Michelle Bachelet, ele havia dito a Toledo: "Não vá outra vez ao Banco Mundial servir às transnacionais; nós queremos sua ajuda e sua experiência; mas já assinou o tratado e eu me arrependi de ter me reunido com ele".

Humala ainda manifestou sua solidariedade com a demanda boliviana de uma saída para o mar através de território chileno. Apesar de se tratar de um problema bilateral entre Bolívia e Chile, a posição peruana é decisiva para qualquer acordo. A Bolívia perdeu 120 quilômetros de litoral no Pacífico na guerra que travou contra o Chile, aliada ao Peru, em 1879.

 

Da Redação